sábado, 31 de outubro de 2009

A beleza, segundo os coreanos

Eu sempre quis fazer um post, meio que um FAQ, sobre a idéia de beleza que a sociedade coreana tem em mente.
Obviamente, todos os que lêem o blog deveriam entender que o que eu escrevo é sobre a perspectiva de alguém que vive há um ano, não tem milhares de amigos coreanos (tenho, mas são poucos - apesar de forçar uma integração maior) e não sou dos melhores observadores que rola por aqui. Mas como eu escrevo o que eu bem entendo, então... naquelas! =P

Eu sempre postei aqui minhas reclamações, estados de choque e tudo mais com a surpresa na admiração de uma beleza um tanto diferente que os coreanos têm como referência.
Na minha pequena opinião, desde que eu cheguei na Coreia eu acabei percebendo que a sociedade coreana é EXTREMAMENTE influenciada pela cultura e estilo de vida gringo, principalmente se o hype é "das" América (do Norte). E com o passar do tempo, o meu pensamento não mudou.
Obviamente eu não estou aqui para fazer comparações com nenhum outro povo, porque de influência o Brasil também tá cheio. Mas aqui é um tanto quanto agressivo esse negócio, principalmente quando o assunto é APARÊNCIA EXTERIOR.
Antes de eu vir morar aqui, eu sempre me lembrava quando o Real Madrid e seu time formado de "galácticos" arrumava suas malas rumo a um tour pela Ásia, fazendo a festa da galera de olho puxado. Adivinha quem era o carro chefe da malandragem toda, né? O "deuso" David Beckham. Eu acho que se não fosse por ele e mais alguns outros jogadores-modelos, o time espanhol não faria tanto sucesso com seus anuais/milionários Asian Tours. Tanto que eu nunca ouvi falar do Barcelona (time de jogadores, não modelos) brincando pelo continente asiático. Ou pelo menos não com a euforia hormonal que fazia até as princesas de olhos rasgados se locomoverem aos estádios e lugares onde eles se hospedavam.
Ao mudar pra cá, tudo me pareceu ainda mais intenso. Como eu vivi com coreanos em dormitório, eu presenciei de perto a preocupação dos meninos e meninas deste país. É maquiagem pra isso, praquilo, cirurgia aqui e ali. Não que eu seja apreciador das Raimundas do nosso Brasil varonil, mas custa ser mais naturalzinha? Pelo menos pras coreanas, custa. E muito: trabalho, casamento, vida social... enfim, um montão de coisas que faria muitos deles se tornarem depressivos ou se jogarem de algum lugar qualquer para dar de encontro com a morte.

O estilo que impera faz um tempinho nessas terras é o "ocidental", pra não dizer "americano". Parece que nesse mundo, os seres humanos nunca estão satisfeito com o que têm. Sempre insatisfeitos, buscam a felicidade onde não está. No caso dos coreanos, por exemplo, um dos pontos está no rosto.
As reclamações dos próprios coreanos contra a sua beleza são naturais, podendo extrapolar a contagem nos dedos de ambas as mãos. Aliás, vou listar algumas, as preferidas, só para vocês sentirem o gostinho:

1. Cabeça grande: os coreanos reclamam que a cabeça deles é muito grande, maior que o normal. Por aqui, os nativos SEMPRE notam que a minha cabeça é menor que a deles, e isso é tópico de rodinha por vários minutos, quando nos encontramos. Para tirar foto, então, é um sacrifício enorme. Usualmente, eu sou obrigado e posicionar minha cabeça a frente dos outros para que a minha possa parecer proporcional a dos demais. Tá de brincadeira, né?! Mas isso acontece comigo toda santa vez que eu encontro algum coreano (preciso dizer quantas vezes conversamos/ouço sobre o tamanho da minha cabeça por dia?).

2. Nariz pequeno (ou de conchinha, coxinha, a merda oval que vocês queiram imaginar): bem, normalmente no ocidente a galera tem uma cisma com nariz grande, né. Na verdade, esse é até o meu caso. Quando eu era menor, tinha um nariz normal. Ouvi falar que as únicas coisas que não param de crescer são o nariz e a orelha; no meu caso, acho que Deus me "abençoou demais" nesse crescimento... acho que foi um pouquinho além da conta. Porém, entretanto, contudo, aqui na Coreia a coisa é TOTALMENTE diferente. Caro leitor, pense na situação do avesso: em vez de as pessoas terem nariz grande, elas têm nariz pequeno. Por consequência, querem ter um nariz grande... ou pelo menos o osso nasal que fica entre os nossos olhos mais avantajados, mais altos, já que o nariz dos coreanos é meio achatado nessa parte (isto é, eles não têm um osso muito altinho). Imaginou a situação, né? Agora faça o mesmo pondo um gringo narigudo na Coreia. Conseguiu? Pois é... para quem era saco de pancadas no Brasil, apelidado de Tucano e outras coisas infames, aqui eu simplesmente tenho um nariz LINDO, que todo coreano gostaria de ter. Isso inclui ambos os sexos. Portanto, você que é descendente de português narigudo, árabe ou alemão com um "cano" no meio da cara, PARE DE SOFRER! Venha para a Coreia que você só vai ouvir elogios sobre o que antes era seu ponto fraco! Haha!
PS: também não me venha com um cano longo, né! Um do meu tamanho já está de bom tamanho, porque a "esquisitisse" coreana não chega a extremos.


3. Olhos pequenos: algo que nem todo mundo deve saber, mas coreano (e asiáticos, de um modo geral) tem uma TARA mortal por olhos grande, com cílios fartos e dobrinhas-duplas. Eu não tinha idéia de que ponto chegou a sociedade coreana no que se refere a vontade de praticamente se re-inventar. O meu primeiro contato com esse "afrodisíaco" foi na primeira aula de coreano, quando eu não entendia bulhufas da língua, nunca tinha ido a nenhum lugar que seja a porta do meu dormitório e ainda estava impressionado com o sonho que eu estava começando a viver. A minha super-querida professora de língua coreana, a senhora Yoon Ea-Sook (윤애숙), olhou pra mim e soltou uma frase (em inglês) digna de risadas e membranças pelo resto da minha vida: "Suas dobrinhas-duplas do olho são tão lindas! Você não quer me emprestar não?". Essas dobra a que ela se refere é algo que naturalmente a maioria esmagadora dos coreanos (e asiáticos) não têm: o que em inglês chama-se "double eye-lid". Pegue um espelho, e foque a sua visão no seu olho. Essa pelezinha tão sensível que sobre o nosso olho (que eu não sei o nome) NORMALMENTE se dobra quando o nosso olho está aberto. Fisiologicamente, eu não tenho a mínima idéia da causa da diferença entre a falta e a sobra entre os asiáticos e ocidentais. Agora, é fato que a maioria não têm. Porém, em vez de eles reclamarem e simplesmente se contentarem com essa diferença exterior, eles simplesmente fazem cirurgia para poderem também "apreciar a vantagem" de ter a merda da dobra. Sim, meus amigos, isso acontece. E é muito mais comum do que você pensa. Enquanto as meninas ganham um book fotográfico e uma festa de arromba ao completarem 15 anos, as coreanas ganham UMA CIRURGIA DE DOBRINHA! Ah, faltou falar que isso não é exclusividade do sexo feminino, mas é bem normal elas terem esse presentinho de quinze anos.
O negócio ficou tão comum que quando pergunto a algum coreano de uma geração abaixo dos 35 anos se fez a cirurgia, caso eu ouça uma "negativa" eu fico MUITO surpreso. Isso já se tornou um tanto quanto comum por essas bandas; é quase tão quanto tomar um banho.



Acima é o vídeo de uma entrevista com Bi (비), ou Rain, para a CNN. Eu queria somente que vocês prestassem atenção para a parte em que ele se refere ao início de carreira dele, que foi difícil por ele não ter um look ocidental. Na boa, coreanada: vão praquele lugar! Só porque o cara não tem um olho grandão, uma dobrinha lá ... E O KIKO?
Tá bom que no Brasil, pra uma CANTORA ser bem sucedida, ela deveria ter um peitão, uma bundona, um corpão-violão. Mas eu já disse e repito: não estou aqui para fazer comparações com o Brasil, porque senão eu teria que zuar com ambos os países.

4. A tal da "banha": por aqui as gordinhas também não têm vez. Mas de um jeito muito mais drástico. Enquanto no Brasil as meninas que tem seus atributos grandinhos são tidas como gostosas, por aqui isso é meio sinônimo de gordura. Até onde eu sei, é bem normal uma mulher brasileira se considerar magra aos 55 quilos (claro, dependendo da altura), não é mesmo? Aqui as minas só ficam satisfeita se tiverem lá os seus quarentinha e olhe lá porque daria para "secar" um pouco mais o corpo. No Brasil estamos acostumados a toda aquela escultura da mulherada, aqui a galera é "Olívia Palito" mesmo. Aqui eu até brinco com uns caras, quando a gente passa por umas coreanas muito magrinhas, falando "ó o chopstick ambulante..." de tão magras que elas conseguem ser. Culpado? A própria mídia e sociedade coreana, na minha humilde opinião. Em todos os lugares, novelas, propagandas, modelos, só há garotas magérrimas, quase esquelética, bulímicas e o caramba. Aí fica o reflexo de toda essa lambança nas ruas: quem quer ser aquela "balofa"? Ninguém. Prejuízo: não casa, fica pra titia, quer morrer por ser gorda ou compra milhares de produtos para emagrecer e é mal vista pelos pensamentos alheios infames.


(Filme "200 Pounds Beauty": como ser gordinha na Coreia é difícil!)

5. Negritude: você que é brasileira (o) e gosta de pegar um sol pra ficar fritando, quase preto de tantos raios solares absorvidos pela sua pele, nem deve imaginar que aqui no Oriente o negócio é do avesso, como literalmente a imagem do globo terrestre nos faz pensar! Aqui, ser um pouquinho mais "queimado" não é o melhor dos sinais para o referencial de beleza. Isso não vale somente na Coreia, mas por aqui o povo é EXTREMAMENTE chato com isso, principalmente as meninas. Quando eu cheguei aqui nessas bandas, eu queria não acreditar que as meninas na faculdade colocavam os seus livros tampando a cara para que evitassem o contato com o sol, e assim pegassem uma "corzinha". Fora as maquiagem esbranquecedoras que deixam algumas meninas com umas caras MUITO ASSUSTADORAS. Eu fico com medo quando elas passam maquiagem, porque tem umas que exageram de uma forma que eu não tenho nem coragem de chegar perto! Dizem que a razão dessa aversão toda contra o Sol é bem simples de se entender: há muito tempo atrás, quem era mais "pretinho" trabalhava no campo e era pobre. Então, se alguém quer fugir dessa "realidade" de trabalho duro e dificuldade financeira, atesta pela branquitude.
Agora eu queria saber o que os coreanos que vão para o Exército fazem, já que não podem ficar com essas viadagens no meio dos treinamentos! E os mestiços (filhos de negros com coreanas)? E os japoneses de Okinawa? ^^
 

(Foto: Denyce Lawton, uma cantora famosa africana-coreana)

Bem, esses cinco só deram uma das mãos, mas era só pra poder mostrar para os leitores o quanto os coreanos são insatisfeitos consigo mesmos!
Eu sempre fui contra todas essas coisas que os coreanos fazem contra eles mesmos. Eu acho isso uma auto-mutilação, pois só destrói quem eles realmente são. E tudo isso em favor de outros, já que sempre ligamos para o que os outros acham de nós; e aqui a coisa não é diferente.

Agora, com toda a humildade, deixem-me revelar uma coisa que me ESPANTA a cada dia nessa vida de Coreia: EU SOU UM CARA BONITO, segundo a sociedade coreana.
Sim, no Brasil eu sempre tive minha beleza subestimada: nariz de tucano, Tony Ramos, frango...
incrivelmente, contrariando toda a sanidade que ainda resta nesse mundo, eu sempre sou abordado por colegiais, tiazinhas, tiozinhos, me elogiando pelos meus "atributos físicos", coisa IMPOSSÍVEL de acontecer no Brasil.
Eu nunca tive o meu ego tão massageado quanto aqui. Tanto que eu até estou "arriscando" uma carreira de modelo (sério! Mas é só pra ganhar uma grana mesmo.. Clique aqui e você poderá ver a verdade). Aliás, eu até agora não entendo porque eu não vim pra cá antes!
É como eu disse antes:

FEIOS DE TODO O BRASIL, TENHAM PIEDADE DE SI MESMOS E VENHAM PARA A COREIA.
Este país resgatará o seu respeito a si próprio, o seu ego e tudo mais! Você será uma pessoa mais feliz consigo mesmo! Haha!
Observação bem grande: Caso você mude para a Coreia achando que sua vida vai virar uma farra de boi, seu apartamento vai virar um motel, se desiluda agora. Ser bonito (e gringo) não te garante essa vida de sonho não, ok?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Escutando abobrinhas à la coreana

Eu sempre achei que essas coisas de racismos existissem mesmo, mas em um grau menor do que as reveladas por africanos chatos-reclamões e iranianos (como o Henrique). Na verdade, eu sempre tentei dar um desconto para os coreanos, com desculpas que são UM POUCO cabíveis. Quando chegavam iranianos ou africanos perto de mim falando que coreanos são cornos, filhos de prostitutas, racistas e tal, eu dava a desculpa explanada na linha seguinte.
Os coreanos sempre foram, da maneira deles, fechados para o resto do mundo, exceto nas vezes em que foram invadidos (seriam elas trossentas? Afinal, posso contar umas 5... só das que eu sei!). Desde a Guerra da Coreia, os cidadãos desta terra têm simplesmente ESCANCARADO as suas fronteiras para o exterior, querendo dar uma de "global", o que não é pecado. Porém, é fato que a geração da Guerra nunca teve muito contato com brancos, pretos negros, indianos, iranianos e etc e coisa. Portanto, era compreensível tamanha curiosidade por parte deles, quando não racismo, mesmo. Afinal, coreano assusta a qualquer coisa que seja diferente ao que eles estão acostumados (eu acho). Então pense naquela geração que já não está muito bem da cabeça, nunca viu uma pele mais escurinha, mas que de repente é obrigada a conviver com tipos de pessoas totalmente diferentes. Aliás, existe uma outra desculpa para os muitos comportamentos agressivos por parte dos coreanos: aparência conta MUITO.
Tá, você não foi convencido, né? Desculpa aê, não tenho a mesma propriedade que certas pessoas na hora de tentar fazer com que ela ceda aos meus argumentos. Então, caso você não tenha sido muito influenciado pela minha desculpinha meia-boca, não se sinta mal. Eu acho que nunca consegui convencer alguém de que os coreanos são vítimas de sua própria história! =P

Bem, como eu disse no post anterior, esse fim de semana estive em Daegu, a minha linda ex-cidade! Para quem se lembrava dos tempos que eu reclamava horrores dessa cidade, deve estar achando que alguém está me pagando para eu fazer elogios.. mas simplesmente aprendi a gostar de lá, depois de me mudar do céu para o inferno! Pelo menos o inferno tem uma coisa boa: um caminho mais curto em direção ao céu mais elevado da Coreia - Seul.
Bem, enquanto eu estive lá na cidade, fui para uma festinha de um cabra amigo meu que estava se mudando de casa. Na verdade, eu jurava que era uma fetinha, mas no final acabou sendo uma bebedeira normal, como qualquer outra que já tive nesse um ano e tantos meses morando aqui, com direito a Soju e umas side-dishes muito boas. Tava tudo acontecendo para ser só mais uma "호프 Night", mas os profissionais do soju ficaram muito bêbados e descontrolados. Aliás, eu nunca tinha visto o master, o cara, do Soju morto assim na frente da multidão; afinal, coreano que é coreano não ficaria tão mal assim em tão puco tempo (afinal, bebemos muito pouco para terminarmos naquela situação - e é mentira, coreano  que é coreano fica mal de qualquer maneira... é tudo lenda, apesar de coreano nascer com soju no sangue MESMO~). Bem, enquanto um deles estava brincando de se atirar em outros clientes em sua cadeira com rodinhas, um coreano estava dormindo. E o outro estava conversando comigo. Eu, querendo ser um bom 동생 (don-sén -> irmão mais novo, poxa! Aprenda logo essas palavras~), me esmerava para deixar a nossa side-dish mais próxima dele. Então, toda hora eu pegava uma porção de uma salada qualquer que estava mais longe dele, e jogava no prato dele. Claro, naquela altura do campeonato, não tinha como ser muito delicado, se é que você me entende. Então, eu simplesmente pegava os meus pauzinhos (chopstick - 젓가락 - chokárá) e deixava a comida que estava entre eles cair no prato do cidadão. Mas uma hora o lezo se irritou e falou: "ei, eu não sou preto pra você jogar a comida assim pra mim". Na boa, eu juro que até hoje eu tento entender que naquela hora ele estava bêbado. E MUITO. Porque simplesmente não têm explicação para aquilo. Eu arregalei o olho pra ele e falei: "ô animal, eu só estou tentando ser legal contigo e te servir uma comida que está mais longe de você. Agora tu vem me falar que o que eu estou fazendo só se faz para PRETO?". Não precisa falar que eu fiquei em estado de choque por alguns minutos, tentando entender toda aquela situação; afinal, eu nunca tinha ouvido face a face tamanha falta de respeito para com os meus "chegados mulatos". Na hora me deu um sentimento de desprezo total por aquele ser que eu considerava amigo... porque pra mim amizade revela também afinidades. E eu não compartilho de nenhuma idéia racista, por mais "de zueira" que ela seja.
Realmente, Henrique... ser iraniano ou negro é difícil na Coreia, né!? Huahuahua! Ou, eu tenho que zuar um pouco os outros pra não ficar puto com essa situação.
Bem, discutir com o doido lá e depois pronto, ficamos naquela e nunca mais falamos no assunto.

Mas calma... a abobrinha mais engraçada que eu ouvi foi na noite seguinte, voltando pra minha roça "querida". Depois de dar uma volta pela ex-universidade (post anterior) e indo para o Hard Rock ver um maluco coreano de longa data, resolvi voltar pra Cheonan na calada da noite. É sabido que a distância de Daegu para Cheonan, mediante o lerdo Mugungwha, é de 3h. E eu tomei o trem das 0h26. Nem precisa imaginar que horas eu cheguei em casa, né. Faz as contas aí, fera da matemática! =P
Bem, na hora que eu desembarquei na Estação de Trem de Cheonan, pensei: "será que rola de ir andando pra casa? Afinal, nem estou afim de gastar com taxi pra chegar ali... já que daqui até lá em casa só são 25 minutos andando!". Mas eu estava bastante cansado, então eu realmente "apelei" para o taxi. Só que pra isso eu tinha que atravessar a rua e dar mais alguns passos, até que um taxi pudesse me ver no meio daquela escuridão (tá bom, nem tava tão escuro assim... só que a iluminação não era LED! Huhu). Bem, e foi o que eu fiz, já pensando que certamente pegaria um taxi para "evitar a fadiga". Logo do outro lado da rua, às 3h da madrugada, tinha duas tiazinhas (as famosas ajummas) na delas, de bobs. Enquanto eu me aproximava do lugar onde elas estavam, para simplesmente virar a esquerda e continuar o meu caminho, elas ficavam fitando-me com os olhos, assim como qualquer outro coreano de Cheonan (ou melhor, de cidades menores que Seul) faria ao ver estrangeiros - também conhecidos como alienígenas. Quando estava para virar de costas para senhora, eis que ela manda um "아가씨~!" (Agachí - na tradução dos dicionários, "mulher já casada" young lady). Eu, na minha inocência brasiliense, não tinha entendido (ou não queria, tentando não ser o pervertido da história) o que a tia falou e perguntei, meio grosseiramente "뭐~?" (Muô - "Quê?"). Bem, depois que ela tentou ser mais clara pra mim, percebi que o pervertido na história não era eu! Haha! Ela repetiu o "agachí" e fez aquele gesto de "Tô ferrado", quando lá no ensino médio queria sinalizar a algum amigo ou pessoa próxima... ou então o outro sentido mesmo, que é o di "sékissu". E ela fez essa merda com a mão umas três vezes... eu fiquei com uma grande interrogação na minha cabeça e respondi "아뇨, 고마워", sendo grosseiro mesmo. Eu não sei aonde, mas já tinha ouvido dizer que o termo "아가씨" também significa "prostituta"... mas eu tentei com todas as minhas forças não ser pervertido de imediato, mas... me forçaram! Haha! Depois de agradecer pela oferta, saí de perto e peguei meu taxi. Logo que entrei, já puxei assunto com o motorista, em coreano: "ou, aqui nessa rua tem muita puta?", dando umas risadas, claro. Achando que eu não falo nada de nada em coreano, ele respondeu, misturando coreano com inglês: "응, 많이있어요~". Logo contei o porquê da pergunta: "é que umas tiazinhas ali atrás quiseram me introduzir umas putas", expliquei pro tio, ainda em coreano. Aí o cara partiu pro inglês mesmo, provavelmente para que não restasse qualquer dúvida: "No, no... bad! Bad!", afzendo uma cara de "quem comeu e não gostou"! Haha!
Só sei que eu fiquei um tanto quanto apavorado com a Gomorra que Cheonan têm se apresentado. Pelo menos em Daegu eu não me lembrava de ser tão escrachado assim... e em Seul era normal achar esses lugares em certos pontos, como Itaewon e Yongsan, não sendo tão escrachado (pelo menos eu nunca achei).
A putaria, pelo jeito, rola solta na cidade inteira... e eu achando que era só na rua onde eu vivo, também conhecida como "A Zona".
Bem, eu só fiquei meio espantado mesmo... porque eu não sou muito fã dessas coisas mesmo! E nem tenho dinheiro! =P

Continuem comentando, galeris...
abraços.

Chorando pelas ruas coreanas..

Hoje eu acho que vou acabar fazendo um post bem emotivo..
e o pior: acabei por quase perceber que o que eu vou falar aqui vai de encontro a uma micro-frase que o Henrique escreveu no último post dele, mas nem tão "cópia-cola" assim. Foi só a idéia mesmo! Se assusta não! =P
O negócio é que esse final de semana eu fui para a minha ex-cidade visitar os amigos.. o que foi bem divertido. Para não variar, alguém tinha que cair muito bêbado, né. Esse não foi eu, obrigado.

Mas a coisa que tocou o meu coração foi no dia seguinte, no domingão pela tarde. Como eu estava passando na frente do portão da minha ex-universidade, eu pensei: "por quê não dar uma voltinha, né?". Acabou que desde que eu pisei lá dentro, comecei a me lembrar, frente aos meus olhos, dos momentos em que passava por essa rua, pela tarde, pela noite... querendo comer ou beber alguma coisa com as pessoas que estavam na minha vida quase que diariamente. Para deixar a situação mais em tom de novela daquela das 8, em que o cara foi deixado pela mina e agora fica caminhando pelos cantos numa vagareza grande, eu ia nesse estilão mesmo.

(pronto, pode apertar o play aí em alguma mp3 bem depressiva que você tenha no seu PC e continuar lendo o texto)

Quando cheguei no portão central, perto da biblioteca, então... era quase que um sonho pensar que já tinha-se ido um ano e que eu nunca mais voltaria a estudar naquele lugar tão lindo que é a Keimyung University. Estava um solzão muito bonito, contrastando com um friozinho que batia - fazendo com que eu me lembrasse que o "inveno ao estilo Brasília" já tinha chegado e era hora de eu vestir o meu casaco.
Fiquei pensando em muitas coisas que eu fiz por lá, mas também nas muitas coisas que eu não curti nessa universidade. Infelizmente existem coisas que você só percebe que não curtiu depois que já se acabou (aí é que entra o que o Henrqiue mencionou - tá bom, tem porra nenhuma a ver, mas tá valendo! hehe). Eu não sei porquê, mas não é a primeira vez que isso acontece. Aliás, muitos lugares, ocasiões eu cheguei a não curtir muito por culpa minha mesmo, falta de vontade de ver novos lugares, experimentar tudo o que aquilo tem a me oferecer. Isso aconteceu principalmente com as várias viagens que eu fiz ao longo da minha vida.
Quando cheguei no prédio onde eu "estudava" a língua coreana, então... quase chorei. Mas logo que começou a doer o meu coração eu me lembrei que homem não chora, então eu parei com essa bobagem! Hehe.
Fiquei andando em volta do "Language Center" por uns 10 minutos, até que me perguntei: "Por quê não mandar uma mensagem para as minhas professorinhas de coreano queridas?". Acredite, eu fiz isso (aliás, ter telefone de professores é algo BASTANTE comum por essas bandas - coisa que eu nunca tive no Brasil!). Enviei para as minhas três professoras favoritas, a Yoon, Lee e Ryu. Fiquei muito baqueado com a situação de não poder voltar no tempo e poder viver mais aquele momento, já que hoje eu me encontro em um lugar sem muitos amigos (já disse e repito, quer ser meu amigo?) e coisas para fazer. Enfim, foi muito emocionante.
Depois de enviar um SMS todo emocionado ("professora, eu estou passando pela Keimyung e me veio a cabeça muitas memórias~! Sinto sua falta!"), até a prof. Lee me ligou! Papeei com ela por uns minutos.. vou tentar marcar um encontro com minhas profes daqui um tempo.

Aliás, avisando a Briza aí, as nossas profes estarão na festinha do NIIED, daqui menos de 2 meses! Uhul!
E avisando aos bolsistas mais por fora do que eu, a festinnha de final de ano vai ser na Keimyung! Que ironia do destino, hein..! =)

Pelo menos aprendi uma lição (ou não): curtir ao máximo o que é dado a nós. Então, vamos zuar muito nessa Coreia! =)

Pronto, agora eu vou ver se consigo alguma coisa mais inspiradora para postar.

domingo, 18 de outubro de 2009

Lar, doce Lar

Bem, galeris...
agora que vocês alcançaram um nível mínimo de comentários, vou postar alguma coisa nova.
Mas essa coisa eu estava querendo postar faz tempo, mas nunca o fiz. Motivo: preguiça INSANA.

Desde que eu me mudei para a minha nova cidadezinha, um muquifo enfiado no norte chamado Cheonan (천안), eu estou morando por conta própria. Desde criança (diga-se 17 anos, saudosa era da revolta juvenil) sempre quis morar por conta própria. E esse "sonho" veio a se realizar aqui do outro lado do mundo, entre milhões de pessoas com olhos puxados..! Quem diria!
Aliás, esse sonho foi muito mais realizado por pressões externas da convervadora sociedade coreana. No primeiro ano na Coreia, eu morei em um dormitório universitário. Bem, no primeiro dia tudo pareceu muito lindo e maravilhoso, muito organizado; parecia até que finalmente eu teria uma vida universitária de verdade. Mas essa vida se tornou em uma chateação diária.
É sabido entre todos os que moram por aqui que alojamentos universitários coreanos são muito cheios de leis; se você é coreano, então, sai de baixo. As leis parecem ser destinadas a pessoa menores de 18 anos, apesar de que todos nós somos pelo menos maiores que essa idade. Mas a preocupação dos pais é tão grande que impõe às universidades um tratamento um tanto quanto rígido aos seus pimpolhos. Uma, e talvez a mais importante aos olhos ocidentais, seja o curfew, também conhecido como "toque de recolher". Obviamente, as "ordens" dependem de universidade para universidade, mas são todas praticamente iguais, generalizando logo a parada. A Keimyung University (계명대학교), por exemplo, tinha os seus dormitórios TRANCADOS às 23 horas. Na boa, pra mim eles estavam tratando a gente como crianças. Então, depois de começar com a vida vagabunda (leia-se: sair quase todas as noites), comecei a ficar muito puto com essa idéia. Achamos uma solução temporária, depois de um tempo: pular a janela. Claro que os tiozinhos não são tão retardados para não perceberem a falcatrua em pouco tempo. Então, começaram a trancar as janelas que não fossem de quartos onde os seres humanos dormem. Já havia outro sistema paralelo para "conferência" de alunos: eles entravam em TODOS os quartos para fazerem chamadas de quem estava ou não presentes em seus habitats na devida hora, antes da meia-noite. Caso não estivesse deitadinho, levava um pontinho de falta pra ficar esperto. E, em teoria, caso tivéssemos 6 pontos na carteira, seriamos chutados para fora. Nem precisa falar que, apesar de ter alguns recordes (mais de 20 pontos em um período), nunca sequer fui ameaçado de chute. Claro que já me chamaram na administração para uma conversinha ao pé do ouvido para me perguntarem o que estava havendo comigo e tal, mas nada mais que isso.
Depois, reformaram a portinha e adotaram um cartão eletrônico. Então, num primeiro período, só éramos permitidos a entrar, mesmo usando o cartãozinho da felicidade, até a hora do toque. Depois, éramos rejeitados pelo trossinho eletro-magnético. Num segundo período, eles mudaram a forma, depois de uma reclamação em massa por parte da gringaiada vagabunda, para marcação de pontinhos, caso você usasse o seu cartãozinho após as 23h. Isso foi muito melhor, mas não deixávamos de levar uns puxões de orelha. Mas tudo bem, levávamos o lema "eles que se explodam" bem a sério! =P
Desde que eu soube que ia me mudar, no segundo ano, para esse fim de mundo, prometi a mim mesmo tratar de achar um jeito de conseguir morar por conta própria!
E não é que eu consegui!?
Bem, eu vou explicar rapidinho para os pentelhos queridos leitores que me enchem o saco enviam emails sobre esse assunto. Viu, nem sou tão chato assim como vocês pensam.

O método mais normal de aluguel de casa é a partir de um aluguel normal, como qualquer outro (nossa, sou tão inteligente, hein!). Mas a coisa funciona de forma UM POUCO diferente aqui na Coreia, até onde eu sei. Não espere uma informação muito detalhada, pois eu não sou expert no assunto.
Caso queira alugar uma casa, o jeito mais fácil é achar uns papelzinhos em troncos de árvores oferecendo aluguel OU ir a uma agência de imóveis, conhecidas como Budongsan (부동산). Para pessoas não muito afortunadas como eu, o mais normal, caso queira REALMENTE morar SOZINHO, seja o chamado, em inglês, ONE-ROOM (원룸). Bem, caso vocês estejam curiosos, o lugar é exatamente como diz o nome: o negócio inteiro é um quartinho só. Claro, tem o lugar para defecação, mas são só essas duas porções de chão mesmo. Para viver num desses não é a coisa mais fácil do mundo, já que ANTES DE TUDO você tem que deixar um troquinho com a agência. Ao escolher um quartinho pra viver, você tem alguns detalhes sobre o AP. Alguns que eu poderia citar seriam: quantos metros quadrados tem, aluguel mensal e o "cheque caução" (corrigido pelo Henrique). Na minha opinião, o que mais destrói alguém que vem pra Coreia mediante uma bolsa de estudos é o último item mencionado. Esse negócio funciona literalmente como eu descrevi: um dinheiro que você vai dar para o dono do apartamento, e que quando o contrato chegar ao seu fim, ele te devolve o valor integralmente. Para a infelicidade geral dos pobres, o tal do dindin ($$$)  depende muito da região onde você deseja armar o seu ninho de amor. Enquanto nesse buraco chamado Cheonan o tal do cheque fica em torno de 2 milhões de Wons, em Seul a coisa muda totalmente de figura: por volta de uns 15 milhões você consegue algo! Pode começar a chorar caso você queira morar na capital, queira viver no seu próprio teto e dependa de bolsa! =P Por isso que a maioria esmagadora dos estudantes gringos que vivem em Seul tratam de armar suas cabanas em dormitórios; afinal, é a única opção viável caso você não seja filho de um Ministro do Afeganistão.
Um lembrete pra te deixar mais triste ou feliz: o valor do cheque-caução pode depender de um acordo com o tiozinho dono do lugar. Por exemplo, coreanos bonados (maioria?) normalmente botam o cheque caução lá nas alturas (exemplo: 50, 75 milhões de Wons) e pagam pouco ou até mesmo nada mensalmente. No máximo uma conta de luz aqui, de água ali... essas coisas básicas. Mas como luz e água são relativamente baratos, então isso não pode ser levado muito em consideração. Daí você, que ficou assustado com esses valores, me pergunta: como pode nego dar esses valores assim "de bobs"? E a parte mais intrigante: não pagar nada depois!
Pois é.. o negócio funciona mais ou menos assim, até onde eu ouvi (espero não ser o tipo que ouviu a vaca gritar e não sabe aonde!): se você der essa quantia escrota, o dono pega o montante e aplica em algum lugar. Isto é, esse dinheiro vai render MUITO dinheiro pra ele, logicamente mais do que se você desse um valor X para ele mensalmente. De certa forma, caso você tenha todo esse poder aquisitivo, é muito bom pros dois lados: primeiro, o cara ganha em cima desse dinheiro, investindo no mercado; segundo, você só DEIXA de perder alguma coisa. Afinal, você vai ter toda essa bufunfa de volta! Ah, se eu tivesse toda essa grana... ia ser bom demais! Mas nada nessa vida são flores, não é mesmo... =(

Aliás, parece que só quando se tem a experiência percebe-se que aquilo não era tão fácil assim. Até aqui, quem se preocupava com o papel higiênico? O recolhimento do lixo que começa a encher de mosquitos cornos? Bem, até pouco tempo era a ajumma que lavava o banheiro do dormitório! Agora sou eu... ó vida! =P
Aliás, falando em recolher o lixo, essa é uma das coisas mais PORRES aqui na Coreia. No Brasil a gente tem costume de pegar bilhões de sacolas plásticas no supermercado, já na intenção de cobrir a nossa pequena lixeira e depois deixar tudo na frente de casa para o caminhão pegar, não é? Ok, pelo menos em Brasília geral faz assim. Pronto. Mas existe uma porcaria chamada SISTEMA que não deixa que as coisas sejam um pouquinho mais fáceis pra mim, um ser que viveu debaixo das asas dos pais até a mudança para a Ásia. A merda do lixo tem que ser colocado em uma merda de uma sacola especial, que é comprada em determinados lugares por valores EXORBITANTES. Isso, claro, valoriza algo que eu espero que funcione: o recolhimento seletivo de lixo. Para cada cidade, existe uma regrinha diferente, portanto eu vou citar o caso de Cheonan: tem uma sacolinha vermelha-rosada que é para orgânicos e a amarela-maionese que engole o resto de qualquer coisa que você pense (desde que não seja comida-orgânico, claro).  Isso me apurrinha muito, porque eu sempre fui um cara não muito ambientalista: isto é, sempre joguei a merda no primeiro buraco que visse e pronto, alguém vai cuidar da coisa lá no futuro. Além do mais, tenho que jogar em lugar especial... e se falhar no tipo de sacolinha, eles fazem de tudo para descobrir quem fui o cretino que não obedeceu a ordem. Nem precisa falar que já fui alertado DUAS VEZES por causa dessa sacanagem de coleta seletiva (desculpa aê, fãs do GreenPeace). Mas calma, ainda estou me iniciando na parada, com o tempo vou pegar o jeito, beleza?
Bem, viver sozinho tem algumas vantagens que já podem ser deduzidas das reclamações sobre dormitórios relatadas acima, mas ainda podem ir além. Pode-se fazer muitas festinhas com comida, bebida, televisão, som e outras coisas mais, coisa que não era possível ser feita do jeito que a gente queria nos tempos negros de vida em Daegu, a minha antiga cidade. E comida é SIM um fator que me faz mudar de comportamento. O que a possibilidade de cozinhar em casa não faz, não é? Além disso, economiza um bocado ao bolso, o que me deixa muito feliz.
Bem, queria passar pra vocês a vista aqui dos arredores de casa, bem aos moldes do post do Henrique sobre a casa dele.
Ao contrário dele, que mora a alguns passos da universidade, eu moro a alguns milhões de quilômetros da minha. Essa é uma desvantagem MUITO grande que eu tenho, mas há uma vantagem nisso tudo: eu moro no "meio da fofoca", como diz a Briza. Nego que vem da "capitár" não acredita, mas onde eu vivo é o centrão mesmo! Não existe outro lugar com mais cara de downtown que esse. Todos os lugares pertinentes a diversão, comida, álcool e zueira se encontram em um raio de 500 metros da minha casa. Até mesmo algumas formas de chegada a cidade são coladas na minha casa. Caso alguém esteja interessado em vir a Cheonan de ônibus, você vai descer em uma estação de ônibus que é a menos de 3 minutos andando. Menos a estação de trem/metrô que liga a Seul, que está a cerca de 30 minutos, andando. Mas nem estou tão mal assim como eu estou publicando.. isso é só a raiva de não ter ido pra Seul, que ainda queima no fundo do fundo do meu coração! =P

Aí vão algumas fotinhas da situação:


("o meio da fofoca")


(a direção da minha casa)


(a rua durante o dia)

(a rua durante a noite)


(bora pra "náiti" coreana?)

Para quem não sabe ler em coreano, vou explicar o significado de todas essas letrinhas iluminadas perto do meu recinto. Na foto acima há o Night-Club Sizi. Bem, depois de voltar de um lugar desses no meio da madrugada, machos com muita lábia sabem que podem ter a oportunidade de irem para outros lugares que não seja a casa de seus pais. Esses lugares são denominados MOTEIS, (모텔) que na Coreia tem dupla funcionalidade: quarto para dormir e quarto para "nheco-nheco", se é que você me entende. O que rola é que tem MILHÕES desta éspecie ao meu redor. Tanto que não é surpresa eu ver, a todo hora do dia e da noite, muitos casaizinhos abraçados andando pela rua onde moro. Acho que eu moro em algo parecido com a "15 norte", huahua! Quem mora ou sabe da situação de Brasília, está por dentro do que eu estou falando. Mas para não deixarem vocês fora da piada, vou explicar: a 15 Norte é uma quadra de Brasília muito conhecida por ter várias prostitutas ao redor. Caso você passe por essas bandas pela noite, pode ver várias na rua balançando a bolsinha e vários carros parando para saber de qual é.
Obviamente eu disse PARECIDO, pois aqui em Cheonan não é o mesmo sistema. O negócio é que toda semana algum chato/desmatador de árvores distribui nos vidros de carros e ruas da avenida alguns cartõezinhos com telefones de putas trajando estilos orientais e tudo mais. Os mais divertidos são os que falam "Segredo! Ssh!" (비밀!쉿!~). Mas o normal mesmo é colocarem alguma foto de colegial e escrito: "Massagem"... além do telefone, claro. Bem, isso só fica para registro para a galeris mesmo, porque vai ser meio difícil eu cogitar a idéia de ligar para uma delas! =P
Além do mais, eu moro também perto de algumas lojas de conveniência, também conhecidos como butecos para convivência. Bem, eu estou localizado exatamente acima de um deles, que não é tão cara de buteco, mas tem lá seus objetos destinados aos cornos que gostam de beber lá: cadeira, mesa e brinquedinhos "caça-níqueis" (foi mal, mas eu não sei que outro nome dar a esse negócio).
Esses malditos brinquedinhos muitas vezes não me deixam dormir por causa de seus malditos usuários, que em sua EXTREMA maioria estão bêbados. Infelizmente esse game não é exclusividade do Buy the Way logo abaixo, pois essas pragas estão enfestadas na Coreia inteira. Então eu que vou ter que aguentar mesmo.
Eu ainda estou para fazer uma pesquisa de campo sobre a seguinte questão: por quê todo bêbado gosta desses dois joguinhos? Cara, se tem uma coisa que dá IBOPE logo após uma bebedeira boa é esse tipo de game que come o seu dinheiro com uma velocidade incrível. Mas isso com certeza fica para uma próxima. Por enquanto, fica só a foto dos brinquedinhos:



Bem, e finalmente esse é o interior da minha casa, totalmente bagunçado; mas tenho uma descupa: isso é casa de homem, pô! Não queira algo muito bem organizado! Mas pode relaxar.. quando alguém vem aqui com aviso prévio, eu já dou um trato bacana para aparentar menos porca!

 
Taí o meu Quartel-General: minha cama, que é desse ninho de passarinho mesmo que eu escrevo meus tão inspirados posts sobre a minha vida na Coreia! Hehe.

 
Essa é toda a tralha que eu normalmente uso: televisão de "última geração", Nintendo Wii (plus Wii Fit), uma merdinha com bilhões de livros de coreano e minha mesa gigante de vidro, que serve pra ocupar qualquer coisa, desde cueca até espuma para fazer a barba! =P


E esse meu vidro gigante, que dá vista para todos os motéis aqui perto. Do lado de fora tem meio que uma varandinha, então é lá que eu coloco minhas roupas pra secar e tudo mais (também tem uma lavadora e tals).


Essa é a minha pequena cozinha. Foi mal, galera... mas isso é só um espaço pra dormir, comer, ver filme... essas coisas! Não queirem sala de jogos e mais uma porrada de coisa também não, né!


E eis a entrada. Sim, ela tá meio humilde, estranha, parece que eu vivo num bueiro. Mas quando eu cheguei essa parada na porta já estava assim. Aliás, as portas convencionais na Coreia são tão feinhas. Parece de prisão, mas tudo bem. Note que em QUALQUER casa de coreano existe esse espacinho para deixar o tênis, dandalias e o que tiver mais. Nunca entra-se com o "pé embrulhado" em casas por aqui. Por mais que você esteja naquela pressa pra só ir ali e pegar um negocinho, nego tira o tal do tênis pra ir e voltar dois segundinhos. Tem suas vantagens, mas ficar toda hora com essas coisas às vezes enche o saco. Tanto que eu já entrei aqui de tênis altas vezes.

Bem, galera... é isso aí! Finalmente introduzi no blog meu novo lar na Coreia.. a "fabulosa" Cheonan.
Quarqué coisa liga pra nóis~!

Fiquem com Deus e até o próximo post.

Não preciso falar nada sobre tratarem de comentar, né...?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Brigar com a China? Vira essa boca pra lá!

Agora mesmo eu estava vendo um link que saiu no Yahoo!Brasil a respeito dos "60 anos da China".
Os que mais lêem e/ou sabem da minha vida estão a par da minha viagem para China. Na verdade, eu nunca contei aqui no blog, coisa que eu teimo em fazer... por pura preguiça mesmo. Mas um dia, quem sabe, vocês terão um post com muita inspiração.
Enquanto estive lá, eu vi muitos anúncios sobre os 60 anos da República, que iria ter uma festança em breve. Já estava anunciado em tudo quanto é canto, em cartazes, espalhados por Beijing. Esse momento aconteceu... e eu não estou lá. Ainda bem! =P

Mas enfim eu estava vendo esse post lá no site do Yahoo ..
e só quis comentar um pouquinho no blog.
A gente, gringos que estão na Coreia, ficam com mó medo da Coreia do Norte, quase cagando nas calças mesmo para qualquer movimento brusco por parte do Kim Jong-Il. Mesmo tendo ido lá em Beijing, eu não tinha compreendido o perigo que é o vizinho criado por Mao Tse-Tung.
Até agorinha, eu ficava todo medroso com somente um vizinho... agora é pra eu ficar mais medo.
É por isso que eu digo: FICA PIANINHO, MANÉ!




Portanto, caro senhores políticos da Coreia do Sul, não tentem mexer com a Republica Popular da China, por favor. Eu não quero morrer muito cedo, ok? Faça-me esse favor!
Agradecido! =P

Hangeul Nal - 한글 날 - Dia do Alfabeto Coreano

Esse post é só pra explicar MUITO BREVEMENTE mais um "feriadinho", que nem é tanto assim, já que ninguém parou de trabalhar, como é de se prever no Brasil.

Esses dias pra trás foi o dia do Hangeul, isto é, a celebração do "Dia do Alfabeto Coreano".
Sim, essas letrinhas cheias de pauzinhos, bolinhas, quadrados e outras coisas "miraculosas" que dá pra se criar a partir da integração entre alguns sons coreanos, têm o seu próprio dia de celebração.

Eu copiei um post pra traz, muito tempo atrás, falando sobre o alfabeto coreano.
Só para lembrá-los brevemente, o Rei Sejong, a dinastia coreana que tem maior paga-pauzisse dos coreanos, mandou alguns de seus estudiosos que estavam a disposição para pensarem em como fazer para que os coreanos parassem de escrever o idioma coreano a partir do alfabeto chinês (ou ideogramas chineses).
Como o Juliano tinha me alertado há muito tempo atrás, mas querendo ratificar aqui, o tal do idioma coreano já existia, mas não possuia um alfabeto próprio. Portanto, o tiozinho, que tem sua figura exibida em todas as notas de 10,000 Wons, é praticamente adorado por este "grande" feito, que deixa a maioria dos coreanos de hoje em dia impossibilitados de pronunciar corretamente muitas palavras na língua inglesa! =P

Aliás, ontem mesmo teve a festinha pela nova estátua do tio Sejong no meio de uma das maiores ruas de Seul, uma que fica perto da estação Jonggak, se eu não me engano!

Essa data é tão importante que até o Google deu um presentinho:


(Página do Google em homenagem ao alfabeto coreano: google "escrito" em coreano)

Parabéns a todos, seja o que isso queira significar!

한글날 잘 보내세요
(Tenha um bom dia do Alfabeto Coreano)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Aprendendo a língua coreana

AVISO: aos mais frenéticos com as buscas do Google, que esse post é totalmente zueira. É possível aprender alguma coisa por aqui, mas pode saber que é muito melhor você comprar os livros que ensinam descentemente a língua, pegar a enxada e "capinar" em cima deles, como diz meu pai.


Portanto, agora vamos aprender com os retardados felizes Vesgo e Sílvio, do Pânico na TV, algumas coisas úteis para ganhar alguns pontos com a comunidade coreana e quem sabe fazer alguma "gracinha" para uma olho-puxado aí no Bom Retiro! =P



 O vídeo acima faz parte da habitual idiotice dos dois em muitos momentos do seu programa. E dessa vez as vítimas foram uns coreanos sem noção coitados que tentavam ir ao show do Enrique Iglesias. Na boa, eu acho que eles tomaram uns sojus pra participarem tão ativamente e sem nenhuma timidez.
Mas vamos ao que interessa já de cara! Agora o Gustavão aqui, "praticamente fluente" na língua, vai ajudar os picaflitas pobres coitados leitores a melhorarem na língua dos pauzinhos e bolinhas, que é o que a maioria procura antes de chegar no blog.
O que os tiozinhos coreanos estavam cantando no vídeo é nada mais que o "Parabéns pra você" na língua coreana. Obviamente, os tontos do Pânico atrapalharam o ritmo, com essa tentativa de funk de quinta categoria.

축하합니다
축하합니다
당신의 생일을 축하합니다
 Vamos por etapas, por linhas:
Na primeira linha, o que está escrito é o verbo "축하하다" no tempo Presente, com formalidade. -ㅂ니다 é o que faz do verbo ter "expressão". Para que os senhores possam pronunciá-lo e impressionar alguma gatinha, aí vai a possível romanização do som para brasileiros:

축하합니다 = Tchukarramnidá.

Agora, parado por sílabas: 축 (1) 하 (2) 합 (3)니 (4) 다 (5) = Tchu (1) ka (2) ham (3) ni (4) dá (5).

Depois da repetição, vem "당신". Se você olhar nos dicionários, isso é uma forma respeitável de se chamar "Você". Mas nas ruas os coreanos falam isso somente para namorado, esposa, pessoas desse tipo, não para qualquer um que você respeite. Quem me contou isso foi o "mestre" Juliano, depois confirmado pelas ruas.
Pronúncia: 당(1) 신(2) = Dan(1) xin(2). Claro, o som de ㅇ e ㄴ são diferentes, mas eu não consigo uma forma de expressar a diferença dam elhor maneira através da escrita no blog.
O "의" é um marcador de possessão. Na língua coreana, para tudo há um marcador para tudo: objeto, possessão, sujeito... é uma confusão sem noção.
Pronúncia: 의 =  ê 
"생일" significa, creio que literalmente, dia do aniversário.
 Pronúncia: 생(1)일(2) = Sen(1)ÍL. Novamente, o som estranho que eu não consigo imitar através de palavras.
"을", pra não variar, é um marcador para objeto. A partir desta "cobrinha", podemos perceber que 생일 é o objeto da frase.
Pronúncia: sabe quando você põe a sua língua pra cima e tenta fazer qualquer som que seja possível? Pois é, esse é o som dessa palavra.

Tudo isso resulta em "Danxin ê sen-íl tchukarramnidá!".
Difícil? Agora tenta falar isso rapidão pra você ver se nas primeiras vezes não embola tudo! =P

Agora vamos tentar algumas coisas mais úteis para impressionar as menininhas que você quer dar uns pegas.

1. '안녕하세요' significa "Oi, como vai?"
안(1)녕(2)하(3)세(4)요(5) = An (1) nión (2) ha (3) cê (4) iô (5).
Caso queira dar um "Oi" para um amigo ou pessoa mais nova, você pode simplesmente dizer "안녕".

2. 'Josefina 너무 예뻐요!' significa "Josefina é muito bonita".
Essa estou mandando especialmente para os taradões que querem fazer um elogio as menininhas! =P
너무 = muito. 너 (1) 무 (2) = nâ (1) mú (2).
예뻐요 = bonita. 예 (1) 뻐 (2) 요 (3) = iê (1) pó (2) iô (3).

3. 'Biro-Biro 멋있어요` significa "Biro-Biro é bonito".
Claro, não poderia deixar as minhas leitor@s do lado de fora, também! Vocês também tem vez por aqui, meninas!
멋있어요 = bonito. 멋 (1) 있 (2) 어 (3) 요 (4) = mó (1) xíss (2) ó (3) iô (4) = móxissóiô

4. '감사합니다' significa "Obrigado".
감 (1) 사 (2) 합 (3) 니 (4) 다 (5) = kam (1) sa (2) ham (3) ni (4) dá (5)
Essa é um tipo formal de se agradecer; portanto, vou ensinar a outra forma.

`고마워요` também significa "Obrigado", mas ésta é uma forma que você diz para seus amigos ou pais. Portanto, caso você queira agradecer à uma pessoa mais velha que você ou à um desconhecido, use esta forma.
고 (1) 마 (2) 워 (3) 요 (4) = ko (1) ma (2) uó (3) iô (4).

5. `잘 지냈어요?` significa algo como "Você tem passado bem?"
잘 = bem
지냈어요 = tempo passado para "passar o tempo"
잘 (1) 지 (2) 냈 (3) 어 (4) 요 (5) = jál (1) ji (2) nêss (3) ó (4) iô (5).
Resultando em "jál jinêssóiô".
Se você perguntar da maneira honorífica (hiper-mega-respeitosa), as tiazinhas ficariam bem feliz em te responder. Portanto, caso você queira fazer o filme com a mãe ou avó da sua peguete/namorada/noiva, use a parte abaixo:
지내셨어요 = jinêshióssóiô

6. Em coreano "Oi" e "Tchau" significam a mesma coisa. Porém, ao dizer "Tchau", usa-se duas expressões um pouquinho diferentes:
6.1. Caso você esteja se despedindo da pessoa (isto é, você vai e ela fica), diz-se:
'안녕히 계세요`,  que significa literalmente "Fique em paz".
안 (1) 녕 (2) 히 (3) 계 (4) 세 (5) 요 (6) = An (1) niôn (2) rrí (3) kié (4) ssé (5) iô (6).
Anniônrri kiésséiô.

6.2 Caso a pessoa com quem você conversa esteja se despedindo de você (isto é, ela via e você fica), diz-se:
'안녕히 가세요' que significa literalmente "Vá em paz".
안 (1) 녕 (2) 히 (3) 가 (4) 세 (5) 요 (6) = An (1) niôn (2) rrí (3) gá (4) ssé (5) iô (6).
Anniônrrí gásséiô.

Agora eu sei com quem a minha avó aprendeu a falar "Vai em paz, meu filho!". Acho que ela deve ter tido um contato com algum coreano! =P

Agora que vocês já estão experts, não me venham com reclamações que não conseguiram pegar um olho-puxado nessa vida, ok?



악녀일기

domingo, 4 de outubro de 2009

Segundo Chuseok na vida, parabéns!

Mas se tem gente difícil pra comentar, é esse povo do "Gustavo in Korea". Nooooossa, que que isso...
Porém, está tudo bem, escrevo por prazer também! =P
Portanto, vamos que vamos...

Desde sexta-feira, dia 02 de Outubro, é feriado na Coreia do Sul! Aê! Esse feriado se extende até hoje, domingão. Bem, para nós, brasileiros que adoramos um feriado em meio de semana para afetar nossos estudos ou trabalhos, pode ser uma bosta, mas para os coreanos já está valendo! Haha!
O feriado da vez é o Chuseok, o mesmo que eu presenciei um ano atrás, quando estava em Busan.
No Chuseok e Ano Novo chinês, praticamente TUDO nessa vida pára, ou pelo menos é o que era dito... até ontem, quando eu presenciei o Yawoori, o shopping da cidade de Cheonan, completamente aberto, com todas as suas lojas funcionando. Pois é, de certa maneira, esse negócio que os coreanos falam que tudo fecha é lenda, tá! =P
Eu sinto é pena, porque coreano já não tem lá muitos feriados, e os que tem ainda tem que trabalhar. Sacanagem! =(
Como eu sou um cara muito mal-caráter, eu vou copiar a mensagem que a ativíssima comunidade Associação Brasil-Coreia, que diz manter os brasileiros na Coreia unidos uns com os outros (ou pelo menos essa é a proposta), enviou para nós via email.
Vamos ao "copia e cola":
Chegou o Chuseok, longo feriado aguardado por muitos na Coréia.e não poderiamos deixar de mandar o nosso sincero desejo de um FELIZ e "descansado" CHUSEOK!!!

Aproveitamos para dizer o que representa esta data,principalmente para os que aqui estão pela primeiríssima vez vivenciando esta comemoração.

O Chuseok é realmente uma época em que, desde antigamente, o povo coreano agradece a Deus (ou deuses) pelos dons fornecidos pela natureza, através da colheita, em ocasião que coincide com a lua cheia - data calculada pelo calendário lunar. É a Grande Festa de
Agradecimento pela COLHEITA. Fora isso, os antepassados são venerados e familiares levam alimentos e bebidas aos túmulos dos que se foram ou os que ainda estão em casa. Os parentes que moram em outras cidades retornam a sua família de origem para celebrar a ocasião, o que justifica o grande deslocamento do povo em viagem nesta época - maior êxodo nas estradas registrado no ano.


Como guloseima típica do festejo come-se o songpyeon, que é um bolinho de arroz aglutinado (tok) recheado com açúcar mascavo e gergelim. O bolinho de arroz é preparado com arroz colhido na nova safra, sendo um arroz novo. Por ser regido pelo calendario lunar, a data do Chusok varia a cada ano no nosso calendário convencional. Em 2009, o dia exato do CHUSEOK é 3 de outubro- um dia antes e outro depois formam o grande feriado que neste ano não será tão longo assim por cair em um sábado.

Outra característica típica da ocasião: oferecer presentes às pessoas a quem se tem um grande sentimento de gratidão ou respeito.Isso se estende ao ambiente de trabalho e/ou estudo, presenteando chefes, professores, etc... Os presentes coreanos diferem dos brasileiros. .. Lembremos que este país passou por agruras na época da guerra e colonização japonesa. São em muitas vezes alimentos, utensílios de uso prático no dia-a-dia: sabonete, pasta de dente, enlatados e recentemente outros presentes que outrora
não eram de uso comum, todos devidamente embrulhados para presente e com uma apresentação especial.


Em outras palavras, poderíamos comparar o Chusok a um Dia de Ação de Graças, em uma versão ocidental mal-adaptada, afinal, esta festividade vem de tempos remotos, anteriores à entrada do Cristianismo por aqui. Na realidade é o segundo mais festejado
feriado na Coréia - depois do Sollal (ou Dia do Ano Novo Lunar).


Bem, galera, podem ter percebido que o Chuseok é muito impotante para os coreanos.
Nessa época, o tráfego nas rodovias, ferrovias, aerovias e o caralho a quatro fica MAIS que congestionado. O caminho até Daejeon, por exemplo, que fica à 2 horas da capital, passa a estar a 4h30 por conta do Chuseok, segundo levantamento da KBS TV. Além disso, todos os tickets rumo a qualquer lugar dentro da Coreia já estão SOLD OUT desde sei lá quando.


(Visão do terminal de ônibus da minha cidade, na tentativa de comprar um ticket um dia antes do Chuseok)

Portanto, para mim, gringão, a melhor coisa a se fazer é ficar em casa mofando nesse feriado! Ô bagaça!

Enquanto você ainda tem tempo de ler esse post, fique com a baladinha da vez, do meu "ídolo" Lee Seung Chul (이승철):


(이승철 - 사랑 참 어렵다 / Lee Seung Chul - Love is so difficult)


Para vocês, no Brasil, na Coreia do Sul e em todos os cantos desse mundo, qualquer seja a maneira que você entenda o que isso quer dizer:

FELIZ CHUSEOK!

즐거운 추석 보내십시오~!

Passeio patrocinado

Semana passada fomos à um passeio patrocinado pelo Governo Coreano, o tal do PCNB (Presidential Council of Nation Branding)... coisa boa, né!
Bem, todos sabem que a intenção de um "Nation Branding" é simplesmente espalhar uma boa imagem do país para o exterior. Assim como o Brasil espalha uma boa imagem de suas enormes bundas, peitos e florestas tropicais, a Coreia do Sul tenta fazer propaganda de sua tecnologia, indústria e história, tão rica quanto a que estudamos no colégio sobre as Zoropa (é o que eles dizem...).

Partimos do Quartel General do PCNB, no centrão da capital Seul, perto da estação de metrô Euljiro-3ga. Eu, achando que seria mó facinho encontrar o prédio, coloquei no meu iPod Touch o mapinha que eles nos enviaram via email e fui para a capitár. Saindo da estação, na direção que tinha sido apontada, já tive problemas: tinha quatro direções, e não sabia mais qual tomar. Mas eu tive aqueeele "feeling" de que se eu fosse pra direita, o caminho certo seria para a esquerda. Então... quando eu estava rumando para o lugar X, eu simplesmente senti aquele forte sentimento de que estou indo na direção errada e virei pro outro lado! Haha! E não é que deu certo...? Pelo menos a lei de Murphy não atuou naquele momento. Ou parece não ter atuado.
Mas coreano fazendo mapa é tão bom quanto eu bebendo soju em dia de cansaço; isto é, uma merda. Então eu fui indo, indo e indo... e nada de encontrar o tal do prédio. Aí eu fui usar meu super-poder da língua coreana e resolvi perguntar para um guardinha que estava ali parado qual era a direção certa a pegar. Ele me respondeu, e eu entendi tudo. Incrível. Mas eu quase que mando os coreanos praquele lugar, afinal.. vai ser ruim de fazer mapa assim lá na China, meu! Caramba! Nunca mais confio nesses mapinhas feitos em Photoshop! Hehe.
PS: sim, a função da polícia é simplesmente ajudar as pessoas necessitadas. Sente o slogan da polícia, em frente ao prédio: "Can I help you?". Isso explica muita coisa a respeito da seriedade.


(Que bonitinho! Quem dera no Brasil tudo fosse tão "cute-gay" assim! Haha!)

Depois dessa mega-ajuda, eu consegui entrar no prédio, que por sinal é bastante bacanão. A sala de reuniões parecia aqueles lugares onde você vai discussar no Plenário da Câmara... realmente muito bacana! Pelo menos isso coreanos fazem direito! =P


(O Presidente falando aos seus escravos)

Isso sem falar no lanche gigante que eles nos deram! Nossa, quase eu morri entupido de tanto sanduíche que nos foi dado! Que isso! Êta governo bããããão esse, sô! Só falta melhorar na hora de omitir algumas coisas, porque... o tiozinho Im (esse é o sobrenome dele) foi um tanto quanto "honesto", vamos dizer assim.



(Meu mega-lanche já meio comido, com minhas armas habituais do dia-a-dia: carteira, celular e câmera)

Sente só a honestidade do tiozinho:
O PCNB preparou uns slides sobre os lugares que visitariamos, dando um relato breve para não chegarmos de cara sem saber do que se tratava. Quando ele começou a ler e tentar comentar sobre o lugar, ele simplesmente soltou essa: "Galera, desculpe, mas eu não li isso antes; alguém fez os slides pra mim, mas não tive tempo de ver isso. Portanto, desculpe qualquer coisa" ... e outra: "Os lugares que a gente está indo foram escolhidos, bem... em um website do governo coreano, existem dicas de lugares para ir para one-day-trip. Então, escolhemos esses dois, mas não sabemos o porquê de estar na TOP lista de lugares a serem visitados". Isso é que é saber como fazer propaganda do país. Eu poderia ter saído dessa reunião sem ter ouvido essas pérolas! Haha! Mas enfim... sendo grátis, tudo vale a pena! Huhu!


(Eu e Agatha no busão locado pelo PCNB, rumo às "atividades")

Primeira parada: 동구릉 (Donggureung)

De acordo com o nosso amiguinho Wikipedia, esse lugar é um grupo de tumbas dos membros da Dinastia Joseon (o rei que mandou fazer a língua coreana, entre alguma outra coisa que eu não me lembro no momento). Para os que estão "away" de qualquer coisa relacionada a História do nosso mundo, Donggureung se tornou um Patrimônio Mundial da Humanidade, pela UNESCO, nesse ano de 2009.
Segundo o nosso amiguinho, as tombas são classificadas em dois tipos: tombas para os reis e para os príncipes.

(o tiozinho muito "fofinho" que tentou nos guiar: ajosshi total!)

As tombas reais da Era Joseon seguiam o guia dos textos chineses confucianos, como o Livro dos Ritos (Li Ji) e os Ritos de Zhou (Zhou Li). Muitos fatores foram em consideração para decidirem a localização das tumbas, como a distância de Hanyang, a distância em relação às outras tumbas reais, a acessibilidade do local e as tradições coreanas do pungsu. A construção da tumba também levou em conta rituais tradicionais da Coreia e o ambiente natural.


(Eu ainda acho que é tudo igual! Hehe)

Esse "cluster" de tumbas Donggureung representa os melhores exemplos de um grupo de tumbas da família real da Dinastia Joseon. Sete reis e dez rainhas estão enterradas em dez tumbas do tipo Neung. Famosas tumbas neste grupo incluem a tumba Geonwolleung, feita para o rei Taejo, o fundador da Dinastia Joseon. A tumba Gyeongneung contém o resto rei Hyeonjong, que reinou entre 1834 até 1849, e suas esposas Rainha Hyohyeon e Rainha Hyojeong. Este grupo de tumbas represente a evolução da arquitetura de tumbas do estilo Joseon em um período de quinhentos anos.


(A eguinha Pocotó a serviço da Dinastia Joseon)

Uma das outras coisas legais que são marcadas para fazer passeio nesse lugar é: PICNIC! Sim, e os tiozinhos, pessoas que tem mais tempo livre nesse planeta, sãos os que aproveitam essa vida; claro, com toda razão.


(Tiozinhos reunidos para uma comilança)

... e caminhadas, claro!

 (tiazinha ao estilo Jaspion dando suas voltinhas pelo local)

Meus comentários OFENSIVOS sobre a situação:
Quando chegamos lá, veio o tiozinho da foto tentar nos guiar. Com o seu inglês bem meia boca (há de se entender, visto a idade deste senhor), tentamos. Mas fomos interrompidos no meio do caminho e pegamos uma outra guia, que não falava BOGAS de inglês. Agora vai minha reclamação, para não perder o costume.
Em um país que quer se tornar Global e o caralhos, além de ter um lugar que é listado como patrimônio histórico da humanidade, como pode não existir um guia que fale inglês? Na boa, a Coreia gasta alguns trilhões de wons tentando atrair mais turistas, tentando ser mais globalizada, mas nessas coisas mínimas, que é onde os turistas iriam, eles não tem um serviço competente. Vai entender o que os coreanos querem dessa vida, né... pelo menos eu nunca ouvi falar do Lula que o Brasil queria ter a intenção de ser um país globalizado e etc. Pelo menos a gente tá na merda mas não tenta nem fazer por onde! Haha!


(Tiazinha sem moral: 0 no exame do TOEIC!)

O detalhe deste primeiro lugar foram os "piruzinhos" que chegaram para fazer um tour pelo lugar. Pelo jeito, tomaram a atenção de metade da galera que tentava prestar atenção... afinal, tão "botitinhas" essas criancinhas coreaaaaanas, gente!



(fofinhones!)

Depois de milhões de fotos e explicações sobre portais, montanhas com ou sem grama alta, rios proibidos e tal, rumamos para outro canto.
Como sempre, antes, tiramos uma fotinha do grupo que foi:


(o grupo não foi tão grande porque foi meio de semana!)

Depois disso, partimos para a melhor parte: COMIDA.
Não sei exatamente o que comemos, mas estava bom. Até cerveja pra galera o PCNB pagou! Isso é que é gastar dinheiro à toa: leva a galera pra ficar bebassa vendo os monumentos! Hehe.


(Se liga na coreana seguindo os costumes coreanos na hora da bebida: virando a cara pro lado)

Depois disso, seguimos para um outro lugar, a menos de 3 minutos andando do restaurante: Namyangju, uma cidade na província de Gyeonggi-do, que é o lugar onde o tiozinho Jeong Yak-yong nasceu. Esse ajosshi, na verdade, é um dos estudiosos mais famosos de toda a história da Coreia. Claro que ele está longe de respirar, pois ele morreu lá em 1836. Então ele já virou "história" pra nós ouvirmos.


(Era uma vez... um tiozinho chamado Mister Jeong)

Mas enfim, o negócio é que foi feito uma homenagem a esse ser humano pelos feitos marcantes dele em muitos campos do conhecimento, já que ele era um filósofo de mão cheia. Por acaso, foi ele quem ajudou na supervisão da construção do Forte que existe na cidade do Henrique, o Forte Hwaseong, em Suwon.
Além disso, foi ele quem apontava todas as cagadas da política da Era Joseon, tentando concertá-la para os moldes do Confucionismo. Não sei se ele tinha cacife pra isso, mas ele escreveu uma pancada de coisas sobre política, leis e etc. O cara era tipo um Leonardo da Vinci coreano. Não chega a tanto, mas estava cheirando os pés do italiano, já.
Em nossas proezas, ouvimos muito de uma tiazinha para lá de sabidona, que era voluntária no projeto de visitação deste lugar, mas que falava num coreano impossível de se entender. Isso porque ela falou: "Já que vocês ainda estudam coreano, vou falar devagarzinho para vocês compreenderem, ok?". Beleza, viu... o dia que eu conseguir acompanhar a sua velocidade, eu já nem preciso de ter aulas! =P
Mas a tiazinha era muito fofinha... espia só:


(Que botitinha!)

Antes de voltar para a capital, tiramos uma outra foto em grupo para o registro cultural e voltamos para a civilização.
Viva o governo coreano, que nos proporciona saber de tantas coisas que eu nem ia ter noção de quem era.
Isso é que é querer pôr cultura coreana na nossa cabeça! =)
Bom pra eles, bom pra nós, que conseguimos comida grátis, passeio grátis e outras coisas mais!


("Kimchiiiiiiiiiiiii")

Abraços e espero que tenham gostado deste post mais cultural..
Lembrem-se: nem tudo está perdido neste mundo, nem este blog!