quarta-feira, 26 de maio de 2010

Post em Fotos - Parte 1

Galera, estou numa preguiça danada de postar. Tenho prometido mundos e fundos a mim mesmo, tanto que já existem uns três ou quatro tópicos na fila. Porém, não consegui desenvolver nada, ainda. Por conta de preguiça + idas à Seul + vontade de ficar sem fazer nada + sem inspiração + novos projetos na faculdade.

Isso tudo somado resume-se a só uma expressão: "Ah neeeeeeeeeem!"...

E hoje eu estava vendo, no Youtube, o adorável programa do CQC (sim, mesmo à distância eu costumo acompanhar pela internet. Ô coisa linda!) e tive uma idéia. Não tão brilhante, mas continua sendo boa.

Quando eu voltei pra Coreia, comprei um celular de segunda-mão e, claro, um cartão de memória para que eu pudesse tirar fotos com a poderosíssima câmera acoplada de 2.0 megapixels. Como eu não sou que nem o Henrique, um fanático por registrar cada momento de sua vida, eu tento fazê-lo - mas não com a mesma intensidade que o 리키 - com o celular, mesmo.
Então a proposta é falar de fatos, mas de maneira rápida, que se passaram durante todo esse tempo, desde... Março até agora.

Sempre quis falar de carros no blog, até porque eu gosto dessas coisas. Não é um vício, mas eu gosto de ficar olhando. Mas não posso argumentar com muita propriedade sobre o assunto, já que o meu entendimento é um pouco superficial - não entendo BOGAS dessas coisas de motores, cilindros e burucutuzadas.
Sabe-se Coreia do Sul que, lá pelos anos 1960, milhares de chaebols (saiba sobre isso no Wikipedia, por favor...) foram criadas afim de fazer com que a nação saia do buraco. Várias delas são holdings imensas, com ramificações de todos os tipos. Inclusive sobre carros.
A que todo mundo mais deve conhecer é a tal da Hyundai - ou como deveria ser escrito numa romanização um pouco mais normal, Hyeondae. A tal da 현대자동차 (Hyundai Motors) é a mais influente de todas as fábricas de carros coreana. Como li em algum lugar na vasta internet, no começo fazia a coisa manjada que aprenderam com os "amiguinho" japoneses: copiar, fazer uns pedaços de lata se juntarem e... TCHARÃ! Está lá uma chapa em cima de quatro rodas, andando. Na verdade, os caras não tinham nem tecnologia pra isso. Então, faziam acordo com montadoras japonesas, como a Mitsubishi, para fornecimento de motores, e mais tarde, transferência de tecnologia.
Como todo bom judeu, os coreanos só se importavam em fazer números, dinheiro, em vez de pensar em algo a longo prazo. Isto é, faziam umas merdas sem noção que eram motivo de piadas entre "povos mais avançados", como os americanos, que não enguliram nem aquele bom e velho Hyundai Elantra. Os caras tinham uma porrada de gente na diretoria que não entendia absolutamente nada do negócio de engenharia. Não duvido nada que deveriam estar lá só o padrinho, a mãe, o sobrinho, filho, neto e etc do fundador da bagaceira toda.

(Lembra dessa carroça? Era a melhor coisa que conseguiam produzir, até um tempo atrás!)

Mas mesmo assim, com a visão de negócios totalmente distorcida, os coreanos iam tocando a vida - claramente ajudados pelo mega-protecionismo que os governantes da nação fazem desde que eu sou gente.
A vida vai indo, indo, indo, até que uma bomba cai nas mãos dos coreanos: a crise de 1998, que quase implodiu, financeiramente, essa terra cheia de gente de olhos puxados. Como a economia coreana se baseia em expotação, os negócios foram todos pro ralo. Consequentemente, a dos carros também. A Hyundai tomou uma porrada grande, mas não foi suficiente para soterrá-la e mandá-la para o limbo. Ficou que nem lutador de boxe depois de tomar umas trinta bofetadas seguidas na cara, meio tonto... sabe como é?
Para salvar o que restou de outra montadora, a KIA, a Hyundai absorveu a outra e virou Hyundai-KIA. Elas continuam com negócios separados, mas no papel são a mesma empresa.

PS: no Brasil, elas são empresas diferentes, já que antes de a Hyundai comprá-la, ela já existia. E como tinha dívidas bizonhas, a Hyundai não quis arcar com a merda alheia. Então, são empresas diferentes em território tupiniquim.

Daí, parece que o neto do fundador da empresa-mãe resolveu assumir o comando da parada. Mandou todos aqueles parentes para o quinto dos infernos e colocou na diretoria gente que realmente entendi da coisa: engenheiros. Então, foi lá o maluco investir em QUALIDADE, não em QUANTIDADE.
E deu no que deu: a Hyundai hoje está assustando Deus e o mundo... quero dizer, todas as grandes marcas já muito bem instaladas no mundo e ganhando rios de dinheiro (principalmente no Brasil, já que nego vende um Volks Gol por 30 mil reais! Que mundo é esse, meu Deus!).
Obviamente, os caras não cresceram da noite pro dia. Primeiro, investiram em carros competentes, contratando gente que sabe desenhar bem, fazer um carro de ponta, que não quebra a cada arrancada. Segundo, esse preço bacaninha que vocês vêem no Brasil é por conta do subsídio que o governo coreano dá para que as empresas possam exportar. Isto é: com essa facilidade, eles podem vender a preço mais baixo. Com isso, eles podem vender mais e arrecadar mais dinheiro.

Resumindo, os caras viraram os verdadeiros judeus da Ásia: esses coreanos sabem fazer negócio! Putz...

O negócio por aqui é tão chique que coreano troca de carro como se trocasse de roupa.
Um colega coreano do laboratório tinha uma caravana. Meio velhinha, mas tudo bem... afinal, o cara é estudante. Um dia o trosso resolveu a dar uns problemas. O que ele fez: analizou, viu que ia ser um pouco chato para consertar, tomar muito tempo dele. Vendeu a buginganga e comprou um Hyundai i30. Aaaaaah, mole assim? Pois é... esse "lixo de carro econômico" daqui vale pouco mais de 13 mil dólares. Assim até eu compro...

Mas, claro, ainda tem umas bizarrisses como a da foto seguinte, que deve ser da época que os diretores ainda andavam meio devagar e só pensavam em tirar o seu montante ($$$) da empresa

 
 (Hyundai "Bolinha" - nem no Brasil dá pra vender uma merda dessa! Fala sério.. que coisa feia do demônio!)

Logo depois da Hyundai, em a KIA.
Apesar dela ter sido comprada pela Hyundai, as duas competem entre si pela maior parte do comércio de carros da Coreia.
Aí está o novo modelo dos meninos, em primeira mão, que um dia vai sair no Brasil

(Nova geração de um carrinho famoso: o Sportage)

Logo, vem os amiguinhos Samsung-Renault.
Pra você, que achava que faltava algo para a Samsung, agora não vai ter mais dúvidas. Na Coreia, a Samsung está em nome de hotel, privada de banheiro, ruas, estação de metrô, chips, mp3 player, notebook, cimento, engenharia... e agora o que você não sabia: os caras também fazem CARRO! Isso mesmo! Num tempo aí que eu não sei, eles já davam os seus passos, na carona da Hyundai. Mas parece que eles não andavam bem das pernas com tantas crises e a Renault entrou com dinheiro, comprando parte da empresa.
Hoje em dia, ela continua sendo uma empresa estável, com muito capital coreano.. mas que também vende modelos da Renault.

Também existe a não tão famosa assim Ssangyoung (쌍용자동차).
Como todas as outras, passou por umas tempestades, foi bastante sacaneada pelea Crise de 1998. Por causa disso, veio o capital chinês e PIMBA, comprou 51% das ações da parte de carros (porque na verdade, a Ssangyoung também é uma chaebol das GRANDES). Tudo estava bem, aparentemente... e como tudo acontece tão de repente, veio a diretoria e anunciou que a empresa QUEBROU em 2009. Simples assim. Pediu, na Suprema Corte de Seul, aquele famoso pedido anti-quebra total que muitas grandes empresas fazem para ter uma sobrevida no mundo corporativo. No ano passado, teve um rombo (isto quer dizer, saldo negativo) de 200 e tantos milhões de dólares. Esse ano foram "só" 20 milhões! hahaha! Parece até piada, mas o governo ainda continua mantendo para que não haja um colapso na economia. Já rolou greve, ateamento de fogos, paralização e um bando de coisa: realmente, coreano sabe como fazer uma farra! Hehe.

 (Um Ssangyoung meio das antigas...)

Mas hoje em dia, carro é carro... tudo na mesma. O importante é saber que eles estão fazendo bem feito e bem barato.

(As três marcas "em ação": Samsung-Renault, KIA e Hyundai)

Bom para nós!

sábado, 1 de maio de 2010

A Coreia e o dilema dos velhinhos

Juro que eu tenho tentado postar por aqui, mas a preguiça e alguns afazeres universitários (mentiroooooooso!) têm me impedido de pousar por este recinto e dar o ar da graça para os POUCOS leitores que me restaram, já que eu tenho deixado esse blog com várias teias de aranha.
Mas agora vai... e vou tentar postar mais frequentemente! Mas não vão muito por mim não, porque da última vez que prometi algo, não foi exatamente daquela maneira que aconteceu... então, promesa de político nem sempre (ou quase nunca) é válida! =(

Por vários anos as pessoas que assistem o mínimo de televisão têm percebido que quanto mais o país se desenvolve (com algumas poucas excessões), este piora nos campos sociais e, talve quem sabe, econômicos.
No Japão, por exemplo, têm a menor taxa de natalidade do mundo. No meu (portanto, sem nenhuma avaliação e prova científicas) ponto de vista, isto ocorre por conta da situação econômica. Mas daí você corre até a parte dos comentários e me destrói, falando que países como EUA não têm recessão númerica de sua população e que eu estaria errado. Mas os yankees são a excessão da excessão, então não me venha com essa historinha... até porque eles são alvo de migração constante, o que impede que o baixo indíce de fertilidade aconteça como na Europa e Oriente.
Alguns exemplos europeus, para não perder a viagem, são Itália e Alemanha. Tá bom, o primeiro está meio decadente economicamente, mas não deixa de ser uma potência da União Européia. Mas estão aí dois países de grande importância, porém fadados a velhice.. dependem dos gringos latinos, que só sabem fazer filho! Haha!
Aí é que entra no assunto a pacatíssima cidade de Cheonan, onde eu resido neste momento. Eu tenho observado que a Coreia também não é aquele antro de nascimentos, com pirralhos de um lado pra cá em todas as partes do país. No meu modo de pensar, vários fatores estão contribuindo para o menor número de pirralhos na península: globalização, competição por trabalho, altos valores direcionados para a educação, feminismo. Hoje, eu vejo que as meninas coreanas estão muito preocupadas com trabalho, competir de igual pra igual com o homem. Antes, isso era impensável. Até hoje isso continua, tanto que o percentual de mulheres no comando de uma empresa na Coreia é ínfimo (eu vi um rolo aí sobre os valores em algum lugar nessa linda internet)... fora que os tempos mudaram por aqui. Antes, assim como no Brasil, as mulheres eram donas de casa. Hoje, elas também tem que "capinar", assim como o homem.
Outra coisa que tem tirado da mulher a atenção de uma tarefa bastante importante no ciclo da vida (bem "Rei Leão" mesmo; o ciclo de vida da mulher seria a reprodução - e nós, homens, meros coadjuvantes nesta tarefa, como diria o pessoal do Pânico) é o custo de vida pra criar um filho aqui na terra de gente de olho puxado. Só pra se ter noção, o molequinho têm que ter todo tipo de aula nessa vida: piano, violão, escola normal, inglês além de milhões de hagwons de reforço escolar. Aliás, as hagwons não são para a garotada que não andou prestando atenção na aula e agora não consegue absorver o conteúdo, mas simplesmente para que os "miúdos" fiquem ainda mais pirados e bitolados. É a única explicação plausível para este tipo de comportamento paterno. E se os pais não seguem todas essas tarefas a risca, são tidos como pais meia-boca, que não criaram direito os filhotes. Então, vários coreanos já nem consideram a idéia de filhos. Outros, nem consideram a idéia de casar-se. Mas, obviamente, que isso não conta os que se "refugiam" em outro país para que os filhos tenham uma educação melhor, mais barata e menos bitolada que na Coreia.

Ok, vamos chegar logo no ponto que eu quero: a Coreia está simplesmente infestada de velhinhos! A cada vez que eu pego ônibus público aqui em Cheonan, rumo a universidade (ou voltando), o que eu encontro é boa parte idosos. Eu nunca encontrei isso em nenhuma parte do globo em que eu estive (como se eu fosse muito internacional, né!). Além disso, eu fico num nervoso total, já que leva quase uma hora para chegar ao meu ponto final. Já disse que que motorista na Coreia é pior que sei lá o quê? Pois é... junte isso a ter que esperar 50 minutos em pé me faz ter a sensação de estar numa montanha russa; parece que o sem noção está numa etapa do Rally Paris-Dakar! Sem noção mesmo! Agora, me pergunte o por quê de estar em pé: porque há muitos velhinhos. E eles têm uma preferência para os assentos com status quase de reis, defendida por uns, odiada por outros.
As situações relacionadas a velhinhos e preferência nos banquinhos de lugares públicos são conversas de milhões de rodinhas, especialmente entre os coreanos de geração bem mais nova. O ocidental, a primeira vista, vai pensar que ao ver um coreano se levantar e "oferecer" o seu banco a um idoso, está fazendo uma gentilesa. Não é exaaaaatamente isso o que acontece. Os velhotes sempre vêm com uma historinha pra boi dormir de que passaram já por vários dramas na vida, não têm mais forças nos pés e, portanto, tem mais necessidade de estar sentado ali do que um guri de 15 anos. Não tiro a razão deles. Mas o negócio é que, em vez de pedir, os senhores MANDAM. E se o meninão fez cara ruim e não gostou, não adianta. Vai ter que sair, ou então o vovô vai te xingar até você doar o seu assento. Legal, né? Eu não imagino isso no Brasil, onde eu acho que o respeito às pessoas mais velhas é menor do que na Coreia. Pelo menos, aparentemente.
Têm uns meninos que até fingem estar dormindo para não olharem pro vovô e ele ter que se retirar, mas não tem jeito. Eles te cutucam e já era. Vai ficar com a pernas esticadas por um bom tempo. Haha!

(Ó a "meninada" descendo as montanhas de ônibus público! Lasqueira total!)

Quando eu pego o metrô pra ir pra Seul, é a mesma tristeza. Como têm uma infinidade de velhinhos, eu fico esperando com mais uma pancada deles. Na hora que a porta do metrô abre, é uma selvageria total. Parece que "as portas da esperança" se abriram e todo mundo sai correndo pra "ter o seu lugar ao sol", isto é... um banquinho. Fora os tiozinhos que se acham meninões e não querem sentar nos bancos destinados à terceira idade. Isso é o que me deixa mais "fulo da vida". Têm velhinho que insiste em ser jovem. Têm a merda do banco de velhinho sobrando, sem ninguém, mais o cretino ainda insiste em tomar banco de gente que quer sentar nos lugares possíveis (sim, aqui na Coreia a MAIORIA dos menores de 65 anos respeitam o banquinho para os tiozões no metrô). Imagina a confusão que fica...

Eu não imagino isso daqui uns anos, quando a Coreia simplesmente "parar". Aliás, existe até um filme relacionado ao tema, onde o último menino em toda a terra nasceu há 18 anos. E havia morrido.. não é dos mais interessantes, mas é só pra falar do assunto mesmo. Chama-se "Filhos da Esperança" (Children of Men,2006), com Clive Owen.
Enfim, vai ser um sacode, empurra-empurra que eu nem quero estar aqui pra ver isso acontecer.
Ou então, o governo vai ter que promover uma migração em massa pra cá, tanto dos gyopos (descendentes de coreanos) quanto de pessoas não-coreanas, para que possam fazer mais filhos, gerem uma população economicamente ativa.
Mas pra isso, vai ter que mudar muuuuuuita legislação para aceitação de gringos naturalizados, já que você só pode ser coreano caso algum de seus pais sejam coreanosç além da forma de pensamento (dos coreanos que não querem miscigenação), que é uma coisa cruel da cultura coreana.

Coreanos, por favor, vamos fazer filhos aí, porque eu não estou podendo... afinal, não consigo sustentar nem uma cabeça, quanto mais 3!

Portanto, cambada coreana, comecem a ir nos infinitos MOTEIS que existem Coreia afora... ou então vocês não vão ter mais o que passar para a próxima geração...!