sábado, 26 de setembro de 2009

Plantão blog

Antes de lerem esse post, leiam o anterior; ele foi editado
e COMENTEM MAIS, cambada leitores queridíssimos.

É sabido até pelos ratos habitantes deste planeta que a península coreana foi dividida, na década de 50, em dois países: um de origem comunista (DPRK - Democratic People's Republic of Korea - 조선민주주의인민공화국) e outra de origem capitalista (ROK - Republic of Korea - 대한민국), depois de um tratado de "paz" para cessar fogo entre os grupos de influência política diferente (Comunismo e Capitalismo). Desde então, a maioria das famílias norte e sul coreanas são impossibilitadas de cruzar a fronteira entre os dois países por qualquer motivo.
Conhecida como a fronteira mais bem armada do planeta Terra na atualidade, desde os tempos da divisão da Coreia, este lugar tem sido palco de várias demonstrações de "caridade" do governo norte-coreano, em apoio a várias ações de inter-relações entre o Norte e o Sul.
Tudo começou a partir do governo de Kim Dae-Jung, morto a pouco tempo. A partir da "Sunshine Policy", uma política que enfocava uma cooperação pacífica, visando uma reconciliação a curto prazo como um prelúdio para uma possível reunificação das duas Coreias, foram feitos muitos esforços para, principalmente, conseguir com que o tiozinho Kim Jong-Il cedesse e deixasse, pelo menos, as famílias sul-coreanas tivessem encontros com seus familiares que atualmente residem no Norte, fruto da separação forçada no passado.
Vários encontros foram feitos durante o governo de Kim Dae-Jung e Roh Moo-Ryun, mas que tinham sido congelados pelo atual presidente Lee Myung-Bak, político de extrema direita. O atual presidente tem sido, desde o início, muito radical com relação ao Norte, cortando várias "mamatas" que o Kim Jong-Il tinha provindas da política começada nos anos 1980. Muitos sul-coreanos ficaram bastante infelizes com o que o atual dirigente tem feito, e de repente, foi armado um novo encontro entre as famílias.
Há duas semanas, sul-coreanos tem tido uma aula preparatória para a realização do evento, marcado para hoje, dia 26 de Setembro de 2009. É a primeira vez, desde que o atual líder tomou posse.


(Familiares em um raro encontro)

Segundo notícias da KBS (Korea Broadcasting Station), as duas Coreias começaram reuniões temporárias para famílias separadas no resort Monte Geumgang, na Coreia do Norte.
Noventa e sete sul-coreanos, acompanhados pelos seus familiares, chegaram através de uma rota terrestre até o resorte norte-coreano às 13 horas deste sábado.
Eles estão encontrando os seus familiares norte-coreano perdidos há muito tempo, começando com um uma reunião de grupo às 15 horas. É a primeira vez que as Coreias usam um Centro de Reunião de  famílias que foi completado no ano passado.
No domingo, sessões de reunião individuais serão feitas em "salas de visitantes" no Hotel Monte Geumgang. Também no domingo, uma reunião a céu aberto será promovida em frente ao complexo de recreação Onjeonggak. Uma última sessão de reuniões será agendada para segunda-feira, pela manhã.
Na terça-feira, um grupo de 99 norte-coreanos visitarão o resort Monte Geumgang para o segundo round de 3 dias de reuniões com 449 familiares sul-coreanos.
Este tipo de reunião familiar é a primeira a ser promovida desde que Lee Myung-bak se tornou presidente da Coreia do Sul. As últimas reuniões foram feitas em Outubro de 2007.


 
(Reuniões de famílias produziram muitas cenas emocionais)

Também de acordo com a BBC News, duzentas famílias foram escolhidas para participarem das reuniões depois mais de meio século de separação desde a Guerra Civil Coreana.
As duas Coreias começaram reuniões em 2000, mas o programa foi suspenso dois anos atrás por causa de tensões políticas.
Desde o fim da Guerra Coreana, em 1953, não tem havido contato postal ou telefônico entre o Sul e o Norte.
Pelos próximos seis dias, as famílias - metade do Norte, metade do Sul - terão um encontro em um resort turístico na costa leste norte-coreana. O evento tem sido organizado pelo Ministério da Unificação, que é encarregado das relações inter-coreanas.
O agente da BBC em Seul, John Sudworth, diz que com muitos dos integrantes desta reunião em seus 80 e 90 anos, parece ser a última chance deles para ver os seus familiares. Lee Sun-ok, 80, viajou para a Coreia do Norte no sábado para encontrar duas irmãs mais novas e um irmão mais novo pela primeira vez em 60 anos. "Nunca pensei que eu poderia vê-los novamente. Depois dessa visita ao Norte, posso morrer sem nenhum arrependimento", disse ela a Associated Press.
Casos e acasos
Sentada no chão, com o casaco na sua frente, Kim Yu-jung, 100 anos, está se preparando para essa viagem marcante.
Cercada por quatro de seus filhos, a mais nova delas tem agora mais de 50 anos, senhora Kim guarda algumas roupas para o o forte inverno do Norte.


(senhora Kim Yu-jung)

A família é uma das poucas a terem a rara chance de encontrarem os seus parentes do outro lado da fronteira que corta essa península, e as vidas de pessoas, ao maio.
A senhora Kim está indo se encontrar com a filha que ela viu pela última vez meio século atrás.
Lee Hye-gyong, então somente 16 anos, foi outro separado de sua família no caos da guerra, em que acabou vivendo no Norte.
Sua foto, tomada somente um ano depois do "congelamento" da guerra coreana, mostra uma jovem colegial não ciente da tragédia inimaginável que acabaria por dividir seu país e sua família.

Selecionada aleatoriamente

"Eu tenho pensado sobre ela por mais de meio século", senhora Kim me disse.

"Nunca existiu um dia em que eu não pensei nela". Os nomes dos selecionados foram escolhidos aleatoriamente entre dezenas de milhares na fila de espera.No começo dessa década as reuniões eram promovidas regularmente, e capturadas por cameras de televisão, eles eram um poderoso "relembrador" do contínuo custo humanitário da divisão da Coreia.

Construindo pontes?

O programa não é imune a críticas, que dizem que isso permite a Coreia do Norte que faça jogo político com as vidas das pessoas, decidindo quando eles irão ou não irão organiza-lo.
"No passado a Coreia do Norte tem concordado que isso institucionalizaria essas reuniões, mas a qualquer momento um obstáculo apareceria - por exemplo a ONU impondo sanções porque eles tem testado uma arma nuclear - então toda coisa foi deixado de lado", ele me disse.

Two Korean sisters are reunited for the first time in 2000 after being split during the 1950-53 war - 15 August 2000 file photo
(Cenas de emoção no encontro de família)

A última reunião ocorreu em 2007, quando as tensões entre os dois países começaram.
O fato que este último round tem sido permitido para organização é visto por alguns como um sinal de que a Coreia do Norte está pronta novamente para construir ligações com o Sul.
Mas nenhuma data ainda tem sido firmada para que a próxima reunião e muitas outras questões humanitárias continuam não resolvidas.

"Memórias esquecidas"


O Sul quer saber o status de 500 de seus cidadãos, muitos deles pescadores, que acredita terem sido capturados pelo Norte nas décadas depois da Guerra, e nunca retornaram.
O Sul também acredita que centenas de seus prisionaieros de guerra continuam vivos no Norte.
Mas Pyongyang se recusa a discutir esta questão, dizendo que eles todos fugiram voluntariamente do Sul.
A lista daqueles buscando uma reunião é mantido pela Cruz Vermelha em cada lado da fronteira.
Em uma sala no andar de baixo de um escritório da organização em Seul, um time de voluntários aguarda o registro de novos candidatos.

A man checks a list at the Korea Red Cross in Seoul, South Korea, 21 September 2009
(Escritório da Cruz Vermelha)

Yeo Kwan-soo viu pela última vez sua esposa grávida e seu filho de vinte e sete anos em 1951. Com 85 anos, somente agora ele registrou seu nome no banco de dados.
"Depois da nossa separação do tempo da guerra, eu pensei sobre minha família que está no Norte todo o tempo", ele me disse.
"Mas como os anos tem passado as memórias começaram a se apagar e eu comecei a perder minhas esperanças".
Embora a senhora Kim, de 100 anos de idade, é uma das sortudas, as reuniões em si estão longe de serem fáceis.
As famílias são podem gastar um tempo juntos e comerem, mas uma vez que a visita acabou, eles retornam para casa, sabendo que muito provavelmente eles nunca mais verão um ao outro.
Eu perguntei sua família se seles pensam que será difícil para ela deixar a sua filha na Coreia do Norte pela segunda vez. "A vida dela tem sido como uma cápsula do tempo na história moderna coreana", disse um deles.
"Ela tem passado por muitas coisas, ela não é como qualquer outra mulher".

Bem, voltando aos meus comentários numa hora em que eu estou para lá de Bagdá, eu acho que apesar de todos os pesares, é uma idéia simplesmente única tentar reviver lembranças de um tempo difícil. Mas na minha cabeça circula a pergunta: "Mas e o que eles fazem quando chegam lá e começam a falar em tudo o que sua vida mudou?", me referindo ao comunismo e atraso em todos os sentidos, sobre os que vivem no Norte. Será que eles não gostariam de sair para o Sul? Será que eles tiveram uma lavagem cerebral tão forte a ponto de eles não serem comovidos por essa situação?
De acordo com o Juliano,  depois de dez minutos de conversa entre os familiares, ambos começam a falar que cada um de seus países é melhor que o outro, e daí pra frente acaba em discussão, não restando mais nenhuma lembrança dos tempos em que todos estavam juntos e felizes para sempre.

(Depois da choradeira, a discussão)

É uma pena, mas espero que algum dia esse povo se una de novo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

As águas coreanas (Parte 1)

 Esses dias eu estava pensando no que escrever no blog, mas estava um pouco sem assunto.
De repente, me ocorreu a seguinte pergunta: como é possível que até agora não tenha falado sobre uma das "águas coreanas", digo, bebidas alcóolicas coreanas.
Na verdade, chamo-as assim porque todo coreano na vida nasce abraçado numa garrafa de Soju (소주), que é o tema deste post.
Primeiro, vamos à uma aula de Wikipedia:

Linguisticamente, a palavra SOJU (소주) vem do chinês "shaojiu", que literalmente significa "liquor queimado" (burned liquor - bebida alcóolica destilada).
O soju foi primeiramente destilado lá pelos anos 1300s, durante as invasões mongóis na península coreana (tinha que ter o dedo desse povo de novo!). Os mongóis conseguiram a técnica de arak destilação de arak dos Persas durante a invasão deles na Ásia Central lá pelos anos 1256, então a bebida foi introducida aos coreanos e destilarias foram construídas perto da cidade de Kaesong (hoje, Coreia do Norte). Por esse fato, nessa área o soju é conhecido como arak-ju (em coreano, 아락주).
De 1965 até 1991, para evitar a falta de arroz, o governo coreano proibiu a destilação tradicional direta a partir do grão fermentado. Em vez disso, etanol altamente destilado de alguma fonte era misturado com água e alguns sabores para criar o soju diluído. Embora a proibição tenha sido agora liberada, o soju barato continua a ser feito desse jeito. O governo coreano regula a proporção de álcool no soju diluído para menos de 35%.
Muitas regiões tem simplificado o jeito de fazer soju a partir da tradicional destilação de grão, resultando no soju destilado. O Soju da cidade de Andong é o mais famoso de todos, com um teor alcóolico por volta de 45%.

Jinro é a maior marca de Soju, com mais de 75 milhões de garrafas vendidas em 2008. A variedade de soju mais popular é, atualmente, Chamisul,  um soju filtrado quatro vezes produzido pela Jinro. Mas recentemente Cheoum Cheoreom, da Lotte, está ganhando muito merado. Contudo, as marcas mais populares de Soju varia de região pra região. Em Busan, Siwon Soju é a marca local e mais popular da região. A área metropolitana de Daegu tem sua própria fábrica de soju, Kumbokju com o nome popular Charm. Em Gyeonsangnam-do e Ulsan, a marca mais popular é White Soju, produzida pela Muhak, em Masan.


(As vinte bilhões de marcas de Soju)


A cultura Soju-"lística"

- Etiqueta (mais conhecida como "Viadagem")

Soju é normalmente bebido em reuniões de grupo enquanto todo mundo come, sem misturar e servido em copos individuais do estilo "shot". É contra o costume tradicional servir o próprio copo. Em vez disso, o seu copo TEM QUE ser servido por alguma outra pessoa que esteja no grupo. Isso promove o espírito de camaradagem e "pensar nos outros".





(A "business meeting" dos coreanos... muito séria, né?)

Na cultura coreana, usar duas mãos para oferecer e aceitar alguma coisa é considerado um ato de respeito. Portanto, se o copo de alguém está sendo servido por algum superior (mais velho ou com mais "status que a pessoa servida), o servido deveria segurar o copo com as duas mãos. Da mesma forma, quando serve-se alguém mais velho, aquele deve segurar a garrafa de Soju com as duas mãos.
Para servir uma bebida, segure a garrafa com a mão direita e toque o antebraço direito com a mão esquerda; essa posição peculiar do braço é originado da prática de segurar a parte do hanbok (vestimenta tradicional coreana) para que este nao tocasse a mesa ou a comida.
Da mesma forma, ao receber uma bebida, deixe o copo na palma esqueda e segure a base do copo com a mão direita, talvez até mesmo reverenciando o sujeito que o serve, baixando levemente a cabeça, em sinal de respeito adicional. Você também pode segurar o copo usando a mesma posição de mãos quando você está servindo. Servir e receber uma bebida de uma pessoa mais velha com apenas a mão direita é comum em situações normais.



(Eis um exemplo meio desfocado da situação)

Coreanos muitas vezes dizem "One Shot!", como um desafio para que todos no grupo acabem com o que tem no copo num só golpe.Não se deve pôr mais bebida num copo, ao menos que esteja completamente vazio; além disso, deve ser prontamente enchido quando notar-se que está vazio. É considerado rude não encher o copo que estiver vazio.
Algumas regras especiais podem ser aplicadas quando bebe-se com alguém com muito mais status que você, por exemplo os mais velhos ou em posições maiores dentro da companhia. Quando bebido na frente de mais velhos, é esperado que o "junior" (mais novo) vire a cara pro lado primeiro. Tomar o "shot" com a cara virada para uma pessoa mai velha é considerado desrepeito. Contudo, com os "tempos modernos", a prática prevalecente tem sido de beber o "shot" sem virar a cara pro lado (mas, claro, continuar segurando as duas mãos para beber); na visão da maioria dos coreanos a prática é arcaica e não sinaliza, portanto, a camaradagem.


(Copinho estilo "shot" para o Soju: Vamo brindaaaar, meu fi!)


Em certas ocasiões, o mais velho dá um copo estilo "shot" vazio para alguém de igual posição ou mais novo. O mais novo também deve oferecer um copo vazio para os mais velhos depois de eles ficarem mais chegados um do outro.Dar o copo implica que a pessoa vai enche-lo e quer que o "receptor" do copo tome a bebida. Neste caso não é obrigatório beber tudo imediatamente (tipo "one shot"), mas não é legal deixar o copo na mesa sem que pelo menos finja que vai bebe-lo.Depois de beber tudo que está no copo, este deve ser enchido novamente. Não é necessário faze-lo imediatamente, mas deixar muito tempo sem ser enchido é considerado rude.
Entre amigos de mesmo status social, não é necessário usar duas mãos enquanto serve ou recebe a bebida, mas deve ser feito por habito ou educação, ou se a situação ser considerada formal.

- Consumo

Embora cerveja, whisky e vinho tenham ganhado popularidade recentemente, soju continua sendo uma das bebidas alcóolicas mais populares na Coreia devido a sua própria disponibilidade e relativo preço baixo. Mais de 3 bilhões de garrafas foram consumidos na Coreia do Sul em 2004. Em 2006, foi estimado que o consumo de um coreano adulto (maior de 20 anos) seja de 90 garrafas de soju por ano.


(Agora você entende o porquê da estatística)

 Tirando a tradição, soju não é sempre consumido de forma "pura". Um poktanju (폭탄주 - literalmente traduzido como "bomb drink", "bebida-bomba") consiste em um copo de soju afundado num copo de cerveja, como se fosse um Titanic. Para se tomar, deve ser bebido rapidamente.

- Brincadeiras

Por incrível que pareça, Soju não é uma bebida para simplesmente ficar bêbado e esquecer dos seus problemas. Tomando soju, também pode-se brincar! Isso mesmo! Quem diria que você poderia embebedar o próximo sem mandá-lo enfiar meio litro de cerveja guela abaixo! Pois aqui na Coreia isto acontece.


(As tampinhas de soju também são parte dos jogos)

Há inúmeros joguinhos em que podemos nos divertir, além de sairmos mais bêbados do que chegamos (entendeu essa parte? Hehe), afinal, eles só servem para deixar a coreanada mais soltinha para depois irem a um norebang (karaoke) ou motel (para que, caju?)... hehe.
Não vou me prolongar, denominando e ensinando os jogos, até porque o post ficaria extremamente longo. Talvez na segunda parte eu conte mais um pouco sobre isso.


(Joguinho que pode terminar em motel)

Aprendido tudo isso, vamos fazer alguns comentários e ponderações.
É fato, notado por mim e pela maioria dos gringos que tentam alguma competição "sojulística" com coreanos, de que estes seres nasceram com Soju na veia. Mas isso não quer dizer necessariamente que eles são fortes na hora de beber. Somente quer dizer que eles podem beber o tanto que quiserem que, ainda assim, não morrerão por doses abusivas desse álcool (Eu ia falar que eles são fortes, mas... com certeza vocês iriam discordar de mim, então eu deixei quieto).
Nas rodas de conversa sobre esta bebida, Juliano e Henrique podem confirmar que, pelo menos, eles conseguem voltar pra casa são e salvos. E no mínimo, os que gostam, gostam MUITO. Portanto, sempre que podem ,estão "aí para essas coisas". Um certo Hyeong mesmo é álcoolatra, já que não tem outro nome para uma pessoa que pode passar 7 dias por semana bebendo pela noite. Alguns até gostam das consequências que o Soju pode causar, como o tiozinho abaixo:


(Para os deficientes visuais, o que está no boné do tiozinho é "DRUNKEN")

Sim, essa foto é do meu acervo pessoal. Eu consegui essa preciosidade ao andar pelas ruas de Cheonan, minha nova cidade. Ele vendia meias (de todos os tipos, para homens e mulheres) em seu Bongo, mas não duvido nada que ele é chegado num sojuzinho maroto. Depois perguntei pra ele: "Tio, você sabe o que está escrito aí?". Não precisa adivinhar a resposta, né. Mas que ele é chegado, ele é. Seria isso o bastante para provar a vontade que a maioria dos coreanos têm para beber isso?

Outra questão que me levanta as sombrancelhas é que... AS MENINAS TAMBÉM GOSTAM. Ou você acha que elas não querem se sentir "soltinhas", mais "aliviadas" para fazerem certas coisas que em um estado de sanidade mental elas não poderiam...? De acordo com o depoimento da minha professora, e que é confirmado por várias outras pessoas do sexo feminino, "eu tomo soju porquê não engorda". Bem, eis aí a razão pela qual as coreanas preferem soju a cerveja. O que a mídia e a sociedade não faz para deixar essas meninas com menos de 50 quilos nessa vida, não é mesmo?

Para quem achava que só no Brasil as propagandas de bebidas alcóolicas têm bundas, peitos e cenas pré-sexo, apresento-lhes as propagandas coreanas do Sojuzão:


 
(As maravilhosas modelos/cantoras/atrizes/sei-lá-mais-o-quê 이효리[Lee Hyori] e 김아중 [Kim Ah-Joong] em comercial para marcas de Soju)

Agora vocês entendem o porquê das mulheres terem uma preferência por Soju.
Mas calma, né, galera... exagerei também na comparação Bundas, Peitos e tudo mais com meninas tão bem vestidas como essas, né. Estão muito mais comportadas do que as propagandas da Brahma... Mas falei de propaganda só pra "farrear" em pleno blog, mesmo.. e apreciar um pouco mais a beleza da Hyori! 참~!

Voltando ao assunto, nem tudo é flores para os beberrentos. Para segurar os mais safadinhos que tentam pegar no volante e levar perigo a muitos inocentes, a polícia coreana pega pesado nas blitz. Pelo fato de os coreanos não terem dia, data, hora para beber, praticamente todos os dias a autoridade do trânsito está presente nas pistas com trilhões de máquinas "baforentas" para pegar os pilantras malucos com meio cérebro (funcionando) dirigindo pelas ruelas coreanas. Quando você, com sua mente de brasileiro, acha que está preso no trânsito porque algum acidente grave ou crime aconteceu e os policiais estão fazendo revista, pode saber que na Coreia é por causa da baforada que todo motorista tem que dar para sinalizar se está bebasso ou não.


(Puliça! Pulíça! Dá uma baforada aí!)

 E o engraçado é que o esqueminha de trazer um amiguinho que não bebe funciona MUITAS VEZES por aqui (pelo menos no Brasil, até onde eu sei, isso nunca funciona!). Quando esse amiguinho não existe ou teve uma "recaída" durante a farra sojuana, os tiozinhos estão aí para isso. Na Coreia, eu presenciei a existência de uma nova forma de ganhar dinheiro honestamente. Atenção, cassadores de "nicho" no Brasil, copiem essa idéia: seja "piloto de bêbados". A idéia funciona assim: se você acha que está muito bêbado e tem quase certeza que vai ser pego pela polícia numa dessas blitz para baforada, você liga para um tiozinho que está pronto para levá-lo para casa. Sim, a profissão dessas pessoas se resume a levar pessoas com muito álcool no sangue são e salvos para o seu conforto, ao pequeno preço de 10 mil wons (pelo menos esse era o preço que um Hyeong pagava em Daegu). Eu nunca tinha visto isso na minha vida, acabei descobrindo esse tipo de emprego em terras asiáticas. Bizarro ou não, é uma idéia que funciona, tem vários usuários e não deixa de ser inteligente, certo?
Portanto, "olheiros" do blog, anotem essa idéia e sejam felizes baixando a taxa de desemprego no Brasil! =)

A etiqueta da bebida na Coreia do Sul, acredite, é REAL. Não pense elas foram criadas lá pelos anos em que a Coreia era um reinado cheio de putarias e que não são aplicadas nos tempos modernos. Ainda hoje elas funcionam e os coreanos são MUITO exigentes quanto a isso. Eu falo isso por experiências própria. Quando cheguei na Coreia, nunca tinha nem ouvido falar nessas regrinhas e, ao sair com coreanos, percebi que eles ficavam meio encucados pelo fato de eu não servi-los ao perceber que o copo estava vazio OU de eu mesmo me servir ao perceber que o meu próprio copo não tinha nada dentro. A sociedade coreana faz questão de usar esses costumes centenários, sim. Hoje em dia também se tornou meu costume, tanto que eu sempre faço o gesto de respeito (bowl) quando meu copo é enchido novamente; da mesma forma, também o faço quando sirvo alguém. Obviamente, todo este conceito por traz da etiqueta não está inserido de forma completa em meu cérebro, mas acabei aprendendo muito com eles a camaradagem escrita acima. Realmente todas essas regras nos fazem pensar mais no próximo.
Mas por favor, vamos concordar em algo: É MUITA VIADAGEM SÓ PRA TOMAR UM SOJU! Haha!
(espero que nenhum coreano ou gyopo tenha se ofendido, agora!)

A grande pergunta é: quem paga a conta, já que no final está todo mundo no bagaço? =P
Os Hyeongs estão aí para essas coisas, também! =)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Um plus no K-Pop

Galera, só pra atiçar a briga de vocês, resolvi fazer um segundo round, mas falando muito menos coisa.
É que uns dias atrás o meu Hyeong (ainda preciso explicar que isso significa "irmão mais velho" em coreano?) veio aqui em casa me fazer uma visita. Ele, que estava de business-trip pra Seul, me deu uma caroninha no seu possante rumo a capital.
Como todo coreano que é, ele adora um K-Popzinho. Sim, um cabra de 30 anos de idade gosta das mesmas coisas que as menininhas de 13 anos totalmente enlouquecidas por grupinhos boy ou girl-band como Super Junior, 2NE1, G-Dragon e mais algumas coisas dignas de... bem, não vou falar aqui porque é falta de educação! =P
Seguindo nas highways coreanas, que, aliás, são filés (obviamente são privadas, assim como a filé Bandeirantes na terra brazilis), ele põe uma faixa que eu achei muito legal.
O cara não é 100% K-Pop, ele é um mix, o que existe muito na Coreia: pop+rap. Desde que os EUA tiveram essa onda de hip-hop, não é de se esperar outra coisa senão uma cópia do estilo americano em terras coreanas, claro. E o hip-hop também "desembarcou com força" (óbvio que já deveria existir o movimento, mas deveria ser meio underground, penso eu) nos ouvidos da massa de olhos puxados. Daí surgiu o Outsider (아웃사이더). Quando eu ouvi a faixa do indivíduo, eu fiquei pensando comigo: "o cara fez uma remixagem pra deixar a voz dele mais rápida, parecendo que pressionaram o botão forward?".A resposta: NÃO! Perguntei: "Ei, Hyeong, você consegue ouvir o que ele canta?". A resposta: NÃO!
A explicação é simples: o "diferencial" do cara é ser o rapper mais rápido da Coreia, senão do mundo. Bem, eu gostei da música que ele me apresentou, e é engraçado ouvir o cara, porque parece uma metralhadora, soltando os sons da boca.
De acordo com uma comunidade no Facebook, para que ele entre no Guinness como o cantor mais rápido do mundo, é necessário só contar o número de sílabas. Sei não, pra mim esse maluco coreano já ganhou!
O atual detentor deste "título importantíssimo" é um rapper americano, que até onde eu ouvi falar, não dá pra entender absolutamente nada do que ele diz. Mas com as legendas dessa música do Outsider, por exemplo, até que dá pra tirar uma palhinha! o.O ... ou não! =P

 
(Outsider - Alone / 아웃사이더 - 외톨이 - Essa música é bacana)

 Meu filho, o dia que eu conseguir falar que nem esse cara, eu não precisarei mais viver. Posso parar que já vou ter "completado o meu ciclo" na Terra. Aliás, eu não consigo essa proeza nem em português, quanto mais em coreano! Tô fora! =D

Abaixo, uma propaganda bem bolada de uma empresa telecom com a participação do Outsider, mostrando em que lugares do planeta ela oferecia o serviço de Roaming. Na minha opinião, ficou legal! =)
(por favor, vejam o vídeo acima para que possam entender o vídeo abaixo)



(Propaganda da SHOW com o Outsider: consegue entender algum país que não seja "Uzbekistan"?)

Agora, galera, podem começar a brigar novamente e espernear se K-POP é coisa de viado, é chato, bobo, feio e etc! Haha!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Um pouquinho de "curtúra" coreana

Para valer a Lei de Murphy, adivinha o que aconteceu na nova universidade onde eu estou estudando?
Vou ter que aprender coreano de novo! Uhul! Isso é o máximo, depois de 1 ano tendo aulas intensivas da língua dos paus e bolas. Quando eu achava que o "terror" tinha terminado, ele voltou. Pelo menos, em dose mais fraca (2 vezes por semana).
Em nossa aula, onde regressamos ao nível 1 (não por minha causa, mas sim por causa do resto da galera, que era pior do que... bem, deixa quieto), o professor foi falar sobre a outra versão de
"너가 잘지냈어?" (você tem passado bem?),
o também famoso (entre os coreanos) "밥 먹었어?", que literalmente quer dizer "você já comeu?".
**antes que alguém venha de viadagem querendo me corrigir, já falo logo: sim, usei uma linguagem totalmente informal, que só se usa pra "amiguinho"**


 (um 밥-zão pra ficar mais obeso)
Como eu tenho alguns poucos coreanos, eu sempre ouvi essa expressão. Na verdade, essa frase é usada em quase 100% das conversas dos coreanos quando começam alguma conversa, seja ela por telefone ou face-a-face.
Agora, caro ser vivo avesso a cultura bizonha da Coreia, me pergunte por quê raios os coreanos perguntam um pro outro se já comeu ou não! Na verdade, até essa aula eu não tinha a MENOR idéia. Eu sempre achava que sempre queriam saber se eu já tinha comido mesmo; afinal, coreano não tem papo sem um prato de comida na frente. Portanto, eu sempre levei a sério essa pergunta, às vezes respondendo que SIM, às vezes que NÃO.
O que eu não sabia é que a pergunta da comida é simplesmente um "Tudo bem contigo?", de acordo com o senhor Byeon. Como ele mesmo disse, é apenas um "Greeting", não deveria levar a sério respondendo que sim ou que não. Recomendado, como todo coreano diz mesmo quando não entende o que o outro fala:
"~" ou "~" ("sim~")

Ah, tá, agora eu aprendi.
Mas "PRU QUÊ, TIO!??"
Segundo esse master aí, esse greeting faz parte da história coreana, desde os tempos da Guerra da Coreia. Nessa época, a Coreia estava enterrada na merda, economicamente. Isso quer dizer que somente pessoas ricas tinham condições de ter três ou mais refeições por dia. Por isso, quando um coreano encontrava outro, sempre perguntavam se já comeu porque realmente poderia acontecer de o amigão não ter comido durante o dia inteiro. Era uma preocupação da época entre os pobres. Obviamente a realidade mudou, mas o costume ficou.

알았따? :)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Até tu, Brutus?

Bem, uns dias atrpas estava em casa sem fazer absolutamente nada.
Como a maioria sabe, eu não tenho nenhum amiguinho (ô carência!) na nova cidade, então eu passo meu tempo assistindo tv. Sim, TV coreana! o.O
Estava eu assistindo a um programa de notícias, em coreano, e vi uma notícia envolvendo um membro de uma banda de k-pop chamada 2PM. Na verdade, eu não sabia de tudo o que eles estavam falando, OBVIAMENTE. Mas como em tudo na tv coreana, há umas legendas que deixam você, pessoa sem o dom do ouvido, mais feliz ao ler as legendas (que também são em coreano). Nem precisa falar que eu fiquei bem feliz ao entender mais ou menos do que estava se tratando.

Estava rolando uma fofoca sobre esse membro (parêntesis: banda agenciada pela JYP!), em uma insinuação de muitos anos atrás em seu MySpace. Como o doido é um gyopo (já explicado em post anterior: pessoa com sangue coreano nascido e criado em outro lugar do planeta que não seja a Coreia) que nunca tinha vivido na terra natal dos pais dele, o cara ficou meio impressionado com o estilão de vida coreana que eu SEMPRE fiquei espantado.
Essa é a screen do que ele escreveu há muito tempo, quando ele foi estudar o ensino médio na Coreia:



(não são gays não.. só são "diferentes do normal"!)

Como o nacionalismo, patriotismo e tudo o mais que diz respeito a Coreia e coreanos é muito forte entre eles, a mídia não podia deixar de sentar o pau no menino. Tiveram uma graaande discussão sobre o porque que ele achava isso e etc. Jogaram a merda no ventilador pra todo mundo atirar pedras nele. Aliás, o verde que mandaram caiu como uma luva, pois pescou direitinho os coreanos. =P
Só esqueceram que o rapaz tomou um susto, ao mudar de uma cultura tão... "normal", para os nossos padrões, para uma "do avesso".
O báfáfá foi tão grande que em dois segundos ele já se desculpou publicamente, emitindo essas palavras:

Hello everyone this is 2PM’s Park Jaebum. I would like to apologize on behalf of the comments I had made through Myspace a few years ago. I’m sorry.
As I tell all of you about how I felt that time, I also would like to apologize. In January of 2005, I came to Korea as a high school student. I was born in the States and I had insufficient knowledge of how Korea is. Being it my first time, I couldn’t communicate with others, my taste buds didn’t fit, and I barely knew the culture which I couldn’t understand. I felt as though I was treated coldly by the people around me as my family was left in the States. It was such a difficult situation where I didn’t even know if I was going to debut. Due to many hardships, things were getting too hard and I was getting lonely being homesick. I had the thoughts of quitting and I wanted to go back to my family in the States. The comment based on the Korea part: I wrote that because of my personal situation I was placed in and my emotions took over. I was too young and said things in the wrong words. I was too foolish, young, and facing difficulties where I made the mistake into turning my surroundings worse. Time passed by and I forgot that I had even written them. I am now embarrassed and truly sorry of those comments I had made. After that time, I had adjusted to everything and my thoughts have changed tremendously as I thank the people around me to get me to perform on stage in any situation. Those comments were made four years ago, but I am a different person now. To my family, Hottests, members of 2PM, and those who love 2PM, I am truly sorry. From now on, I hope that there will be no mistakes like this ever again. I will say it one more time that I am truly sorry.
-2PM’s Jaebum-
(fonte: http://blog.ningin.com/2009/09/05/2pm-jaebum-thinks-korea-is-gay/)

Já dizia um dos comentários que eu li em um outro site que publicou a notícia:
"a criança está aprendendo devagarzinho o porquê que os pais migraram para os EUA".

Agora um dos seus estão vendo a realidade do seu povo, só não vê a própria.. ó a foto do caboco:


(esse é o figura que falou que seus "parentes" são gays! Ele não parece não, né? Tá bom..)
Só criei esse post porque... coisas sobre viadagem na Coreia é um tópico bastante comentado entre nós, gringos, principalmente os de origem brasileira! Haha! Continuo HETERO, mesmo vivendo nesse mundo esquisito que é a Coreia! =D

EDIT:
Depois um comentário do anônimo que é vidrado em K-Pop, aí que a proporção que o negócio tomou, ficando tão sério que o danado do Jae Bum (o viado da foto de cima) se mandou daqui pra não ficar com o filme mais queimado do que já estava.

Aí vai um vídeo com o ato desesperador das coreaninhas:


Só conseguia ouvir o "하지마!!", que quer dizer "Não faça [isso]!!!!!"; pelo jeito era um grito desesperado de alguma fã maluca! Ô genteeeeem... fica triste não! Há vida além de K-Pop, tá!