terça-feira, 28 de julho de 2009

Uma outra modinha coreana

Como o último post teve "recorde" de comentários, então eu vou ser legal com vocês e mandar outros presentes!

Esses dias eu estava "vivendo a vida" em Daegu e descobri uma coisa que eu achava que era impossível de acontecer: coreano usando os nomes no estilo ocidental (ou melhor, no estilo americano).
Bem, eu tenho que explicar para os que não tem a mínima noção de como é esse negócio.
Na Coreia, eu acreditava que 100% dos habitantes nativos tinham algum sobrenome que compunha uma só sílaba em coreano. Os sobrenomes famosos Kim (김), Park (박), Lee Yi (이), Jeong (정), Hong (홍), entre muitos outros, são "bloquinhos monossilábicos". E as famílias só passam o sobrenome do pai para o filho, bem diferente do estilão do Brasil.
Mas pelo que eu entendi, os casais coreanos mais novinhos estão criando mais uma modinha para esse mundo bizarro: em vez de ter só um "Kim", porque não ter "Kim-Park"<> Depois de me acostumar em ouvir o nome inteiro de uma pessoa baseado em 3 sílabas durante 11 meses, eu fiquei de boca aberta e sem muita reação quando eu me deparei visualmente com um ser que tem em seu registro de identificação 2 sobrenomes.
Apesar de a Coreia, assim como muitos outros países do sudeste asiático, terem um passado machista, as mulheres estão tomando conta do pedaço. E de uma forma que às vezes chega a ser assustadora. Da mesma maneira que os homens impuseram seu espaço frente a mulher, agora ELAS estão chegando com tudo para reorganizar "a parada". Depois de eu ter dito isso, virão milhares de pessoas me contestarem. Mas é óbvio que elas não conseguiram mudar TANTAS coisas assim, né! O movimento feminista na Ásia não deve ser tão antigo quanto o ocidental (apesar de, mesmo sendo pré-histórico, as meninas não tem sido bem sucedidas nesse sentido), e essas mudanças demandam muito anos. Mas elas já começam a fazer com que muitos homens fiquem a seus pés.
Vejam só exemplos: quem comanda a economia da família é a mulher (quero dizer que elas quem retém o dinheiro ganho pela família - ela quem organiza as contas), estão se impondo nos relacionamentos (namoro, casamento), estão até colocando seus sobrenomes em seus filhos***!
Mais grandes mudanças estão por vir!

Andei pesquisando pela internet sobre esse fenômeno dos sobrenomes duplos e achei poucas coisas, que vou traduzi-las NAS COXAS pra vocês.

"Eu não prestei muita atenção neste artigo em si, somente para o uso de suplo sobrenome pela entrevistadora, que trabalha em um jornal feminista. Ela é chamada por Cho-Yi (조이) por causa de seu sobrenome, que combina ambos os nomes das famílias de seu pai e sua mãe. O nome registrado legalmente é outro destes dois nomes, o primeiro que ela 'pegou do pai dela', talvez seja Cho. Em círculos de conversas de coreanas feministas é muito comum hoje em dia o uso de duplo sobrenome para enfatizar que esta pessoa é nascida de dois pais (pai e mãe). Esta é somente uma prática que não tem (ou parece que não vai ter por um longo tempo) uma base legal, e essas pessoas terão os nomes de seus pais, ao menos que não haja pai reconhecido legalmente. (Eu não consigo me lembrar agora se tem sido permitido dar a criança o sobrenome do padrasto no caso de a mãe se casar novamente; pelo menos tem sido esse tipo de legislação em andamento.) Uma das precursoras dessa prática é a professora de antropologia da Universidade Yonsei, Cho(-Han) Haejoang, que tem sido chamada por "Margaret Mead" da Coreia, por suas atividades sociais e feministas."

(fonte: http://hunjang.blogspot.com/2004/03/family-and-kin-use-of-double-surname.html)


E ainda há outro artigo falando de uma lei criada na Coreia para os casos:

"Em 27 de Abril de 2007, a Lei sobre Registro de Relacionamentos Familiares foi adotado na Coreia do Sul, que dá lugar a "Lei de Registro de Famílias", resultado da abolição do sistema de cabeça da família (hoju). A nova lei entra em vigor em 1 de Janeiro de 2008.
A introdução de um novo sistema de registro se tornou necessário como um resultado da alteração no Código Civil em Março de 2005, que resultou na abolição do sistema de cabeça de famílias como tem sido requerido pelas mulheres e outras organizações de sociedades cíveis pelos anos. Depois de mais de dois anos de deliberações, a Lei sobre Registro de Relações Familiares foi adotado para introduzir um sistema de registro baseado no indivíduo. Em 4 de Junho de 2007, a Suprema Corte da Coreia do Sul anunciou os detalhes do novo sistema (em coreano).
De acordo com a Suprema Corte, a essência da nova lei é materializar as filosofias constitucionais de dignidade individual e igualdade de gênero. A nova lei resultará em maiores modificações do sistema de "registro familiar" coreano, transformando-o em um sistema de registro de indivíduos a partir do anterior baseado em "tribos". A noção de "domicílio permanente", que é o endereço registrado no registro familiar representado pelo cabeça da "tribo", será abolido; o indivíduo será livre para escolher "a endereço base para registro".
Na Coreia do Sul, onde os casais mantém seus respectivos nomes de família, a criança foi criada carregando o nome da família do pai. Depois da nova lei entrar em vigor, as crianças podem carregar o nome da família da mãe se o casal tiver concordado, assim como quando eles se casaram. A criança também é capaz de mudar seu nome de família em caso de divórcio ou segundo casamento, para fortalecimento de proteção de informação pessoal."

(fonte: http://www.hurights.or.jp/news/0706/b17_e.html)


Enfim, para desenrolar essa história, a mulherada tá tomando conta do mundo! o.O
Só não espalha pras feministas do Brasil porque senão o bixo vai pegar nas bandas do futebol! =P

Mas eu quero só enfatizar que, se um coreano vier aqui falando que tudo isso é mentira, saiba que isso AINDA não é uma tese minha... ainda estou em fase de pesquisa! Hehe.

Viva a mulheradaaaaaaa!

9 comentários:

  1. Será que é possível ocorrer o fenômeno do neologismo na Korea assim como ocorre no brasil?.....I mean..será se algum dia surgirá na Korea os correspondentes de

    Valdinete, Charlysson, Vindeobrando, Arclysson, Quenedy.

    Ou seja, será se algum dia surgirá algo como
    Kim Rybamar Cleidyson Park

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  2. hahahaha esse do Rybamar foi boa...E pior que já existe isso na Coreia. Mas só pra quem quer "horrorizar", como o caso da Roberta Close coreana, chamada 하리수, que é uma coreanização de "Hot Issue" :P. Quem quer ser um coreano "dentro dos conformes" ainda usa o esquema de Kim Chan Jin, Choi Chul Soo, etc.

    Olha que chique! Estou comentando de dentro do trem indo pra Newcastle! Só que aqui não tem 이스케마 não... hehe. O ajoshi inglês é mais esperto um bocado... rs.

    Abraço, meu fio!

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  3. Só mais um comentário, sobre sua lista de blogs ao lado... Ela tá parecendo mais um CARDÁPIO: Kimchi com Café, Tereré con Kimpab, Pupusas con soju... eita nóis. Vou mudar o nome do meu pra Samgyeopsal com Guaraná, e vc muda o seu pra Açaí com Bulgogi... :D

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  4. uau! Seu blog está melhor hoje do que no passado! Parece que você está organizando melhor seus pensamentos e parágrafos... excelente! E muito legal saber disso tudo aí... tomara que elas tomem conta mesmo... mulher geralmente é mais sensata que a gente mesmo. hehehe
    Abração do Brasil

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  5. É bom ver que as coisas vão avançando aos poucos... espero que no futuro todos os coreanos tenham os nomes do pai e da mãe!

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  6. Gu,
    Ficou muito legal o post..
    gostei...
    queria add um monte de coisa como uma "mulher brasleira"
    mas isso ia ficar too long e no ia da certo...
    mas de qq jeito, o fato das mulheres add o sobrenome do marido quando se casam no Brasil eh mesminha coisa, vcs nao acham??
    bjos

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  7. Olá, Gustavo! Me chamo Stella e apesar do nome, sou uma coreana nata que se mudou para o Brasil ainda criança e sentiu como um peixe fora d'água durante muitos anos. Morri de rir com os seus posts bem escritos, com os comentários e até comecei a te seguir pelo twitter, para ficar mais atualizada das suas aventuras. Conhecer culturas novas é sempre muito inspirador, mas REconhecer sua própria cultura sob o ponto de vista de um brasileiro é muito + interessante.
    Se precisar, estarei por aqui para trocarmos uma figurinha.
    abraços, Stella.

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  8. Eu queria saber como fica o nome da criança quando a mãe americana e o pai coreano, sendo que a criança nasceu na coréia

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