sábado, 26 de setembro de 2009

Plantão blog

Antes de lerem esse post, leiam o anterior; ele foi editado
e COMENTEM MAIS, cambada leitores queridíssimos.

É sabido até pelos ratos habitantes deste planeta que a península coreana foi dividida, na década de 50, em dois países: um de origem comunista (DPRK - Democratic People's Republic of Korea - 조선민주주의인민공화국) e outra de origem capitalista (ROK - Republic of Korea - 대한민국), depois de um tratado de "paz" para cessar fogo entre os grupos de influência política diferente (Comunismo e Capitalismo). Desde então, a maioria das famílias norte e sul coreanas são impossibilitadas de cruzar a fronteira entre os dois países por qualquer motivo.
Conhecida como a fronteira mais bem armada do planeta Terra na atualidade, desde os tempos da divisão da Coreia, este lugar tem sido palco de várias demonstrações de "caridade" do governo norte-coreano, em apoio a várias ações de inter-relações entre o Norte e o Sul.
Tudo começou a partir do governo de Kim Dae-Jung, morto a pouco tempo. A partir da "Sunshine Policy", uma política que enfocava uma cooperação pacífica, visando uma reconciliação a curto prazo como um prelúdio para uma possível reunificação das duas Coreias, foram feitos muitos esforços para, principalmente, conseguir com que o tiozinho Kim Jong-Il cedesse e deixasse, pelo menos, as famílias sul-coreanas tivessem encontros com seus familiares que atualmente residem no Norte, fruto da separação forçada no passado.
Vários encontros foram feitos durante o governo de Kim Dae-Jung e Roh Moo-Ryun, mas que tinham sido congelados pelo atual presidente Lee Myung-Bak, político de extrema direita. O atual presidente tem sido, desde o início, muito radical com relação ao Norte, cortando várias "mamatas" que o Kim Jong-Il tinha provindas da política começada nos anos 1980. Muitos sul-coreanos ficaram bastante infelizes com o que o atual dirigente tem feito, e de repente, foi armado um novo encontro entre as famílias.
Há duas semanas, sul-coreanos tem tido uma aula preparatória para a realização do evento, marcado para hoje, dia 26 de Setembro de 2009. É a primeira vez, desde que o atual líder tomou posse.


(Familiares em um raro encontro)

Segundo notícias da KBS (Korea Broadcasting Station), as duas Coreias começaram reuniões temporárias para famílias separadas no resort Monte Geumgang, na Coreia do Norte.
Noventa e sete sul-coreanos, acompanhados pelos seus familiares, chegaram através de uma rota terrestre até o resorte norte-coreano às 13 horas deste sábado.
Eles estão encontrando os seus familiares norte-coreano perdidos há muito tempo, começando com um uma reunião de grupo às 15 horas. É a primeira vez que as Coreias usam um Centro de Reunião de  famílias que foi completado no ano passado.
No domingo, sessões de reunião individuais serão feitas em "salas de visitantes" no Hotel Monte Geumgang. Também no domingo, uma reunião a céu aberto será promovida em frente ao complexo de recreação Onjeonggak. Uma última sessão de reuniões será agendada para segunda-feira, pela manhã.
Na terça-feira, um grupo de 99 norte-coreanos visitarão o resort Monte Geumgang para o segundo round de 3 dias de reuniões com 449 familiares sul-coreanos.
Este tipo de reunião familiar é a primeira a ser promovida desde que Lee Myung-bak se tornou presidente da Coreia do Sul. As últimas reuniões foram feitas em Outubro de 2007.


 
(Reuniões de famílias produziram muitas cenas emocionais)

Também de acordo com a BBC News, duzentas famílias foram escolhidas para participarem das reuniões depois mais de meio século de separação desde a Guerra Civil Coreana.
As duas Coreias começaram reuniões em 2000, mas o programa foi suspenso dois anos atrás por causa de tensões políticas.
Desde o fim da Guerra Coreana, em 1953, não tem havido contato postal ou telefônico entre o Sul e o Norte.
Pelos próximos seis dias, as famílias - metade do Norte, metade do Sul - terão um encontro em um resort turístico na costa leste norte-coreana. O evento tem sido organizado pelo Ministério da Unificação, que é encarregado das relações inter-coreanas.
O agente da BBC em Seul, John Sudworth, diz que com muitos dos integrantes desta reunião em seus 80 e 90 anos, parece ser a última chance deles para ver os seus familiares. Lee Sun-ok, 80, viajou para a Coreia do Norte no sábado para encontrar duas irmãs mais novas e um irmão mais novo pela primeira vez em 60 anos. "Nunca pensei que eu poderia vê-los novamente. Depois dessa visita ao Norte, posso morrer sem nenhum arrependimento", disse ela a Associated Press.
Casos e acasos
Sentada no chão, com o casaco na sua frente, Kim Yu-jung, 100 anos, está se preparando para essa viagem marcante.
Cercada por quatro de seus filhos, a mais nova delas tem agora mais de 50 anos, senhora Kim guarda algumas roupas para o o forte inverno do Norte.


(senhora Kim Yu-jung)

A família é uma das poucas a terem a rara chance de encontrarem os seus parentes do outro lado da fronteira que corta essa península, e as vidas de pessoas, ao maio.
A senhora Kim está indo se encontrar com a filha que ela viu pela última vez meio século atrás.
Lee Hye-gyong, então somente 16 anos, foi outro separado de sua família no caos da guerra, em que acabou vivendo no Norte.
Sua foto, tomada somente um ano depois do "congelamento" da guerra coreana, mostra uma jovem colegial não ciente da tragédia inimaginável que acabaria por dividir seu país e sua família.

Selecionada aleatoriamente

"Eu tenho pensado sobre ela por mais de meio século", senhora Kim me disse.

"Nunca existiu um dia em que eu não pensei nela". Os nomes dos selecionados foram escolhidos aleatoriamente entre dezenas de milhares na fila de espera.No começo dessa década as reuniões eram promovidas regularmente, e capturadas por cameras de televisão, eles eram um poderoso "relembrador" do contínuo custo humanitário da divisão da Coreia.

Construindo pontes?

O programa não é imune a críticas, que dizem que isso permite a Coreia do Norte que faça jogo político com as vidas das pessoas, decidindo quando eles irão ou não irão organiza-lo.
"No passado a Coreia do Norte tem concordado que isso institucionalizaria essas reuniões, mas a qualquer momento um obstáculo apareceria - por exemplo a ONU impondo sanções porque eles tem testado uma arma nuclear - então toda coisa foi deixado de lado", ele me disse.

Two Korean sisters are reunited for the first time in 2000 after being split during the 1950-53 war - 15 August 2000 file photo
(Cenas de emoção no encontro de família)

A última reunião ocorreu em 2007, quando as tensões entre os dois países começaram.
O fato que este último round tem sido permitido para organização é visto por alguns como um sinal de que a Coreia do Norte está pronta novamente para construir ligações com o Sul.
Mas nenhuma data ainda tem sido firmada para que a próxima reunião e muitas outras questões humanitárias continuam não resolvidas.

"Memórias esquecidas"


O Sul quer saber o status de 500 de seus cidadãos, muitos deles pescadores, que acredita terem sido capturados pelo Norte nas décadas depois da Guerra, e nunca retornaram.
O Sul também acredita que centenas de seus prisionaieros de guerra continuam vivos no Norte.
Mas Pyongyang se recusa a discutir esta questão, dizendo que eles todos fugiram voluntariamente do Sul.
A lista daqueles buscando uma reunião é mantido pela Cruz Vermelha em cada lado da fronteira.
Em uma sala no andar de baixo de um escritório da organização em Seul, um time de voluntários aguarda o registro de novos candidatos.

A man checks a list at the Korea Red Cross in Seoul, South Korea, 21 September 2009
(Escritório da Cruz Vermelha)

Yeo Kwan-soo viu pela última vez sua esposa grávida e seu filho de vinte e sete anos em 1951. Com 85 anos, somente agora ele registrou seu nome no banco de dados.
"Depois da nossa separação do tempo da guerra, eu pensei sobre minha família que está no Norte todo o tempo", ele me disse.
"Mas como os anos tem passado as memórias começaram a se apagar e eu comecei a perder minhas esperanças".
Embora a senhora Kim, de 100 anos de idade, é uma das sortudas, as reuniões em si estão longe de serem fáceis.
As famílias são podem gastar um tempo juntos e comerem, mas uma vez que a visita acabou, eles retornam para casa, sabendo que muito provavelmente eles nunca mais verão um ao outro.
Eu perguntei sua família se seles pensam que será difícil para ela deixar a sua filha na Coreia do Norte pela segunda vez. "A vida dela tem sido como uma cápsula do tempo na história moderna coreana", disse um deles.
"Ela tem passado por muitas coisas, ela não é como qualquer outra mulher".

Bem, voltando aos meus comentários numa hora em que eu estou para lá de Bagdá, eu acho que apesar de todos os pesares, é uma idéia simplesmente única tentar reviver lembranças de um tempo difícil. Mas na minha cabeça circula a pergunta: "Mas e o que eles fazem quando chegam lá e começam a falar em tudo o que sua vida mudou?", me referindo ao comunismo e atraso em todos os sentidos, sobre os que vivem no Norte. Será que eles não gostariam de sair para o Sul? Será que eles tiveram uma lavagem cerebral tão forte a ponto de eles não serem comovidos por essa situação?
De acordo com o Juliano,  depois de dez minutos de conversa entre os familiares, ambos começam a falar que cada um de seus países é melhor que o outro, e daí pra frente acaba em discussão, não restando mais nenhuma lembrança dos tempos em que todos estavam juntos e felizes para sempre.

(Depois da choradeira, a discussão)

É uma pena, mas espero que algum dia esse povo se una de novo.

2 comentários:

  1. A política é feita pelo homem, e os próprios homens que sofrem com isso. Uma divisão desnecessária, onde não há ganhos, apenas sofrimento da população. Um dia, quem sabe, esse cenário muda. =)

    Ps. Já comentei o post do soju, e ainda fiquei na duvida: tem gosto de pinga? =)

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  2. É tão triste isso, famílias separadas pela ignorância dos homens. Assim como o muro de Berlim um dia caiu, tomara que esse "muro" também venha abaixo um dia. Espero poder ver a reunificação das Coreias(sem o Kim Jong il).

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